19 de jan. de 2009

Sobre Memórias - fevereiro 2006 -

Não nasci hoje, nem aqui (em Mineiros), mesmo assim agora é meu tempo e aqui é meu lugar. Gosto de estar nesse ponto. Gosto das pessoas que também estão. Mas, o que sou agora é conseqüência de fatos que foram acontecendo durante toda minha trajetória no tempo/espaço. Não me fiz do nada, esse lugar não se fez do nada. Tudo é conseqüência. Não dá pra negar isso, mais ainda, para entender algumas idiossincrasias minhas ou dos que me cercam, às vezes tenho que recorrer às memórias dos tempos e dos lugares por onde passamos.
Mas não pude, infelizmente, estar em todos os lugares em todos os tempos. Não me foi dada a graça de ser Onipresente e, mesmo que fosse, não sou Onisciente. Minha memória é pouco desenvolvida devido à utilização constante de artifícios externos a meu ser, e por falta do bom hábito, que os antigos tinham de fazer o repasse de suas histórias verbalmente para as novas gerações.
Felizmente alguns poucos se ocupam do trabalho de registrar os fatos no momento de seus acontecimentos, ou enquanto ainda se lembram deles.
Porém, uma coisa nova nos apresenta uma nova idéia falsa, que pode nos levar a cometer um grande erro. De que falsa idéia estou falando? A de que notícia sobre o que aconteceu ontem não tem mais valor. Qual a coisa nova no-la apresenta? A globalização e a velocidade de circulação das notícias, provocada pelos avanços tecnológicos, principalmente pela Internet.
Quais os riscos corremos por pensar assim? O de não manter registros sobre nosso tempo para as futuras gerações, e com isso nos tornarmos uma espécie de nova Atlântida, ou seja, em alguns séculos, ou mesmo décadas, ninguém se lembrará de nós.
E sim, eu quero muito ser lembrado. Preferencialmente com orgulho, pelos meus descendentes. Para isso não adianta, apenas, viver de forma exemplar e realizar grandes feitos. É necessário registrar isso.
Afinal, porque lembramos de Ulisses, Páris ou Helena? Porque suas histórias foram mantidas presente na consciência coletiva daquele povo.
Se não fossem os escritos de João, Mateus Marcos e Lucas, quem poderia garantir que Aquele jovem Nazareno estivesse tão presente em nossas vidas?
E tudo isso aconteceu antes de sermos abençoados por Gutenberg. Agora que podemos contar com sua graça, não nos preocupar em manter os registros de nossa história me parece mais que um ato de leviandade, uma barbárie cometida contra nós mesmo, e, principalmente, contra os que virão depois de nós, que correm o risco de não saberem por que serão como serão. É só por isso que acho louvável o trabalho “homérico” da Agência Mineirense de Cultura, capitaneada pelo grande historiador descabelado, que se propõe a ser a “guardiã de nossas memórias”.
           Por isso eu os agradeço, meus amigos. Em minhas preces agora eu vos peço, “não me deixe, nunca, esquecer”.

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