26 de mai. de 2012

Sobre antigos sabores


Ainda há sonhos,
Mas não são mais “de valsa”.
Sem o velho sabor,
A vida perdeu parte da graça,
da cor...
E o que já foi alegria,
Hoje não é mais que um bom-bom.
Sim, ainda há sonhos,
Mas, não são mais de valsa...

8 de mai. de 2012

Nosso futuro comum (haverá?)


Junho está chegando.
E o mundo novamente se voltará para o Rio, em mais uma conferência internacional.
Novamente lideres (?) de vários países se reunirão para discutir os destinos do planeta, nossos destinos, então.
Voltará à tona todas as variações do tema “sustentabilidade”.
Desde que Gro Harlem Brudtland chefiou a elaboração do documento conhecido como “Nosso Futuro Comum”, que esse conceito vem crescendo entre nós até que, ali mesmo, na cidade maravilhosa, em 1992 ele se fortaleceu e ganhou o mundo. Todo programa de entrevista, toda novela, em toda sala de aula, todos os jornais, blogs, campanha eleitoral de todo e qualquer candidato passou a fazer claras referências ao conceito salvador.
Certificação ambiental. Selo verde. Empresa amiga do meio ambiente...
E o mercado tão rapidamente, como sempre, se adaptou aos novos tempos.
O mercado sim. Nós, seres humanos, nem tanto.
O conceito de sustentabilidade surgiu, e se fortaleceu, tendo como tendo como suporte básico a idéia de que, para ser sustentável o desenvolvimento deve ser economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto. Houve alterações na composição desse sustentáculo, que deixou de ser um tripé e acolheu, ou está acolhendo, novos princípios. Já se admite como necessidade de ser culturalmente diverso, para que um projeto seja sustentável. Leonardo Boff, como uma das mentes mais inquietas e responsáveis desse nosso país, nesse nosso tempo de incertezas, tem nos chamado, constantemente à reflexão sobre a necessidade de melhorar nosso modelo de desenvolvimento. Acredito que todas as pessoas com o mínimo de juízo concordam com ele.
Eu não só concordo como tenho procurado manifestar minhas opiniões, preocupações, aprendizados, alegrias e angustias.
Hoje quero me ater à base de sustentação básico da “idéia” de sustentabilidade. Mais precisamente, quero falar, novamente, do que chamo de erro.
Veja você, caro leitor, que para uma iniciativa para ser sustentável precisar ser economicamente viável, ambientalmente correto, socialmente justo e culturalmente diverso (já incorporando um quarto pilar). Ora, os conceitos parecem bastante claros, certo? Mesmo assim uma discussão sobre as possíveis definições de diverso, justo, correto e viável, por certo renderia horas, longos artigos e opiniões divergentes.
Não vou entrar por essa porta. Não agora.
Como não tenho o dia todo, e sei que a maioria de vocês não tem saco pra longos textos chatos, vou direto ao ponto. E o ponto é o “princípio” Economicamente viável. Como disse, não vou discutir os conceitos de viabilidade econômica. Não por não ser capacitado (na verdade não sou mesmo), mas por achar que é aí que reside o grande erro da minha geração, e da geração que antecedeu a minha (espero que seja corrigido o mais rápido possível).
Ao definir o que é sustentabilidade nós fizemos um grande esforço para adaptar alguns processos produtivos, mudamos alguns conceitos relacionados ao consumo, buscamos desenvolver formas alternativas de geração de energia. Enfim, avançamos em diversas áreas. Aí encontramos algumas boas iniciativas. O problema é que tudo continua sendo pensado, planejado e efetivado dentro do mesmo velho sistema. Quando dizemos economicamente viável estamos, fatalmente, fazendo referencia ao monstro gigante e insaciável que é o capitalismo.
Tudo bem, eu não sou economista, cientista político, cartunista, não sou discípulo de Marx ou Smith, não sou amigo de bicheiro, senador corrupto, voyeur (isso não vem ao caso, é capaz até que isso eu seja), não grande empresário rural nem inveterado boêmio urbano (pra isso eu também tenho potencial). Nem jornalista barato eu sou, por pura falta do diploma de jornalismo. Mesmo com toda essa ausência de credenciais eu me permito observar o mundo ao meu redor, e a ter opiniões sobre o que acontece. Sobretudo sobre o que interfere diretamente em minha vida. E, apesar de todo esforço de algumas pessoas e organizações, apesar da quebra de alguns paradigmas, apesar de das conferências e protocolos, não chegaremos a um modelo de desenvolvimento sustentável, de fato, enquanto continuarmos não formos capazes de romper com o capitalismo.
É necessário que paremos de negligenciar a enorme crise que está aí (talvez a maior delas), e que não é uma crise de uma só face. É a enorme crise do capitalismo que agoniza, somada à crise moral e de caráter que atravessamos, e à crise de relação entre nós, humanos (os parasitas) com nosso generoso hospedeiro, a Terra (Mudamos nosso comportamento ou seremos extirpados como se retirar um tumor). Todas essas crises, com seus milhares de conflitos internos e implicações, inter-relacionadas, é que compõem o cenário que nossos governantes e os grandes capitalistas estão se esforçando para disfarçar e nós, pobres mortais, nos esforçamos para fazer de conta que não enxergamos.
Ao acontecer nesse momento histórico, a Rio +20 nos que nos oferece a grande oportunidade pensar o mundo diferente do que temos feito. Não há justiça, correção ou diversidade viável dentro do atual sistema.
Que os acontecimentos e decisões tomados entre os dias 13 e 22 de junho mude o mundo, de verdade e de modo positivo.