28 de jul. de 2011

Um pouco sobre preços e valores

Alguns cálculos me surpreendem e fascinam.
Já disse outras vezes que gosto muito de gráficos, planilhas e tabelas que ajudam a explicar o mundo lógico. Mesmo quando trazem informações que em nada contribuem em nossa vida diária. Como, por exemplo, qual o percentual nos casos de consumo de kitute de boi (aquele coisa enlatada, cheia de sal e com uma gordura tão resistente e grudenta como pigarro. Uma delícia...), está diretamente relacionado com a audiência dos programas de auditório, nas tardes de domingo.
Outros cálculos me surpreendem pela grandeza e complexidade para serem efetuados, como a massa de água localizada orbitando um quasar. A descoberta recente apontou um volume de 140 trilhões de vezes a soma de todos os oceanos da Terra. É muito água. Pena estar longe demais para voltar com uma lata na cabeça.
Além dos cálculos, gosto de entender como as ciências se desenvolvem, e como alguns conceitos se afirmam (ou não), com mais ou menos facilidade.
Os chamados “sistemas de produção” são bons exemplos. O comunismo nunca chegou a ser experimentado, por conta das limitações e deficiências do caráter humano. Mesmo assim, hoje, todos (ou quase) consideram o termo como sinônimo de ditadura, governo autoritário e falta de liberdade.
Por outro lado o capitalismo caiu no gosto de toda população, e ninguém consegue enxergar um palmo além dos seus horizontes. Na verdade ninguém ousa, sequer, imaginar que possa existir uma outra possibilidade.
Mas, voltemos aos cálculos, e gráficos.
Se você tentar se informar de quanto dinheiro existe no planeta, vai encontrar mais de meia dúzia de respostas diferentes. Todas incertas e imprecisas. Mas em uma coisa quase todos, que se ocupam de ficar contando as moedas espalhadas pela Terra concordam, existe uma grande diferença entre as riquezas produzidas e o dito “ativo” que circula nesse planetinha azul. E não é uma diferença pequena não, sempre superior a 120%. Ou seja, tem muito mais papel com valor simbólico que riqueza realmente produzida.
Em 2010, a revista Galileu, com base em dados do Banco Mundial divulgou que o PIB Global era de US$50 trilhões, e que o ativo (somando o total dos depósitos bancários, fornecido pelos bancos; títulos públicos e privados e o preço de todas as ações no mercado financeiro) somava nada menos que US$170 trilhões, ou seja 350% a mais.
Não é fantástico como coisas assim podem ser calculadas? Coloca isso em um gráfico colorido e pronto, todo mundo pode enxergar facilmente essa diferença.
Um parêntese rápido, somente para dizer que vi ontem o Mr. Barack Obama em mais um pronunciamento, tentando convencer a população estadunidense que é uma boa idéia sacrificar os sistemas de saúde, educação, segurança, e tudo mais, para salvar o sistema financeiro de mais uma crise. Crise que, ouço dizer, já faz sombras na casa branca, e em todas as casas dos Estados Unidos e, de quebra, assusta todas as casas desse torrãozinho que órbita o Sol. Na verdade não sei se seria uma nova crise, pois a última grande nem deu um refresco. Me parece mais que os líderes do capitalismo se enganaram, achando que a marolinha provocada pela bolha imobiliária havia sido dissipada, quando ela apenas estava escondida, esperando para nos assustar novamente, como um demônio brincalhão.
Tenho escutado alguns especialistas dizerem que Obama conseguirá evitar mais essa crise. Outros, em tom profético, anunciam que essa poderá ser pior que todas que antecederam. Alguns anunciam até a morte do capitalismo.
Eu, que não sou economista, político corrupto, historiador, grande investidor, dono de mineradora, jogador de futebol, líder estudantil, apresentadora, sem noção de programa de entrevista na tv nem participante de nenhum “circo da autêntica mediocridade” (deve ser essa a tradução mais perfeita para “reality show”), não ouso fazer previsões. Mas gosto de números, cálculos, gráficos e planilhas. E tem coisa que realmente não consigo entender.
Outro parêntese para deixar claro que ainda insisto em achar que é uma boa idéia ser comunista e acreditar nessa possibilidade. Claro, sem apoiar nenhum tipo de ditadura ou governo opressor. Más, minha despretensiosa opinião não se baseia apenas no viés ideológico (nem sou filiado ao PCdoB, e considero que esse partido tem uma enorme crise de identidade). Fim do parêntese.
Como pode um sistema baseado no “irreal” se sustentar por tanto tempo? Eu fico tentando entender.
Não vamos aqui discutir sobre a grande vocação do capitalismo para gerar, e fortalecer, grandes diferenças sociais, provocando acúmulo de riquezas em uns poucos e espalhando a miséria na grande maioria. Nem vamos tratar da forma desumana com a qual se alcança o grande objetivo desse sistema, que é o lucro, que se gera com a exploração da força de trabalho de quem não possui o chamado capital. Quero abordar hoje apenas a enorme bolha que todo sistema me parece ser. Veja bem que eu disse “me parece”, uma vez que minha análise é de leigo, já que além de não ser tudo que já disse, há que levar em conta que, ao dizer que posso ser jornalista, o STF não me habilitou para ser analista financeiro.
Ora, já de criança todos nós ouvimos nossos pais, professores e todo mundo dizer que não se pode gastar mais do que se ganha, pois isso pode trazer sérios problemas. Todos concordamos, certo? Acontece que não é esse o problema. Se parece, mas não é. É meio que isso, só que às avessas. Não se trata de gastar mais do que ganha, mas acumular mais do que de fato existe (Como os casos de toda pessoa que se vende, seja qual for o valor que receba, sempre será muito maior do que o que realmente vale).
Meu amigo Ary outro dia veio lamentar que havia perdido uma fortuna na bolsa de valores. É que o preço das ações de uma determinada empresa despencou, e ele não tinha dinheiro para comprar. Dias depois as ações supervalorizaram, e ele não tinha umazinha sequer, para vender. E tudo isso aconteceu por conta de um comentário infeliz (ou tendencioso) de um figurão desse mercado.
Sei, é uma piada meio sem graça e bastante repetida, mas só introduzi aqui para ressaltar como os grandes montantes são irreais e não se prendem a valores reais.
Posso abrir, na bolsa, ações de uma empresa composta de apenas esse meu computador defasado, um domínio registrado e um site que oferece encontros entre anões de olhos castanhos, nascidos entre os paralelos 20 e 10. Tudo não me custando mais que R$ 2.000,00. Mas se algum “yuppie” (sim, eu era adolescente nos anos 80) de Wall Street disser algo interessante, minhas ações podem subir em uma noite, transformando minha empresa em milionária. Mas ela continuaria tendo um patrimônio real de R$ 2.000,00. Ou seja, eu posso me tornar milionário da noite para o dia sem produzir nenhuma riqueza. E isso acontece o tempo todo.
De onde eu vejo, isso vai da supervalorização de alguns empreendimentos imobiliários, de algumas marcas e de títulos que são apenas isso, título (nada mais que um pedaço de papel).
Lucro irreal para substituir riquezas imaginárias. Mas, como dar solidez ao que é irreal? Além dos títulos e ações, os pesquisadores do capitalismo desenvolveram a dívida. Antes essa era uma ferramenta empregada com indivíduos, mas já faz um tempo que passou a ser empregada nas relações entre estados e entre organizações financeiras e estados. A dívida cria, em todos, a ilusão de que a riqueza irreal de fato existe, além de criar uma relação de plena dependência entre o devedor e o credor.
Aqui, do meu mundinho, não creio que os grandes credores, bancos públicos e privados, tenham a pretensão de receber as impagáveis dívidas que algumas nações possuem. Primeiro por serem impagáveis mesmo; segundo, por que se todos resolvessem pagar suas dívidas, seria necessário que os recursos irreais fossem acessados de fato e, como não existem, o sistema quebraria; e terceiro, por que se houvessem recursos para isso, o capitalismo perderia parte de sua função, que é a de escravizar a maior parcela da população.
Uma das últimas tendências do mercado, é a valoração dos serviços naturais. Ou seja, atribuir preço para os elementos existentes na natureza, e às atividades naturais. É uma boa alternativa para tentar fazer os capitalistas enxergarem o valor, ou a importância, que o meio ambiente tem para nossa existência (que vai muito além das relações de mercado). Mas demonstra, também, nossa incapacidade de pensar algo novo.
Bem, tentando finalizar com alguma coerência esse texto, afirmo acreditar que o Sr. Presidente Obama impedirá a crise, afinal é preciso salvar o sistema. Claro, o povo de lá sofrerá um pouco as conseqüências de um arrocho econômico. Mas não se preocupem, nem de longe chegará ao que estamos acostumados por aqui.
Sei também que muitos dirão desse meu artigo (se o Diário da Manhã tiver coragem de publicá-lo) que trata-se de uma visão limitada, sem embasamentos e muito reducionista da realidade. Muitos acadêmicos citarão Adam Smith, Hayek, Keynes, David Hume e até Marx para justificar suas opiniões embasadas, e desqualificar as minhas. Tudo bem, eu agüento. Afinal não tenho pretensão de fortalecer as bases da nenhuma dessas idéias que estão postas há muito tempo. Além de, claro, não ser estudioso do tema.
Sou apenas uma pessoa que trabalha, produz, ganha e gasta dinheiro (pouco, é verdade), e sinto que o sistema no qual vivo não pode se sustentar por muito mais tempo assim, com riquezas irreais e explorando tantos, em benefícios de tão poucos.
Espero que algum desses teóricos do desenvolvimento seja capaz de enxergar além dos limites desse capitalismos desumano que aí está, e nos proponha um novo modelo, baseado na fraternidade, na liberdade real, na igualdade, no respeito às pessoas e à natureza. O modelo de um mundo onde as pessoas não tenham preços, e sim valores. Que não reduza os seres humanos a meros “recursos humanos”, nem a natureza do nosso planeta, e tudo que nele existe, a “recursos naturais”.

25 de jul. de 2011

Não que esteja sem nascente,

Por favor, não entenda mal.

É que estou seguindo, o meu mapa astral!

23 de jul. de 2011

A resolução hoje é outra

Combinar bandas é bem mais difícil

E esse mundo, em falsa cor.

Sensoriamento Remoto

Georreferenciei minha vida,

Calibrei lembranças e sentimentos.

Combinei com saudades e lições,

Usando os sensores certos

Fiz uma análise tempo-espacial

E, entre degradações e impactos,

................(alegrias e certa dor)

Vejo alterações na paisagem

Que constroem toda história,

Fazendo de mim, quem sou.

Tendo resolução diferente de antes

E vivendo em um mundo,

Quase todo feito em falsa cor!

18 de jul. de 2011

Progresso

Segue rápido,

a moderna avenida!

Nem se parece mais

A preguiçosa estradinha...