10 de set. de 2023

Abismo

Cansada, ela procura repouso.

Busca em si mesma,

Em lembranças recentes

E em histórias distantes.

O velho sofá ainda meio confortável

A velha cama, ainda acolhedora,

Mas, agora, assustadoramente grande

E o sono se perde.

Solitária, ela vasculha gavetas e pastas, em busca de algum sinal de companhia.

Encontra vazio.

E a certeza de que certos encontros não trazem nada, além de mais vazio.

Angustiada ela chora.

E suas lágrimas também molham minha face.

Minhas feridas ainda doem.

Algumas ainda abertas.

Em sua lâmina, ainda escorre meu sangue.

Mesma lâmina que a faz sangrar agora.

E sua dor, apesar da minha, doe também em mim.

 E causam outras dores.

Misto de tantas coisas.

Profusão de sentimentos.

Certeza da distância

Aceitação do fim

Negação de verdades...

E, se nem toda estrada é caminho

Da mesma forma, nem todo caminho é paralelo

Ou se cruza novamente.

Mas ela chora

E eu escolho acolher

Compartilhar

Procurar entender

E não mais julgar.

Abraçar.

Mesmo à distância

Mesmo que longe pra sempre.

Mas abraços são refúgio,

E por tudo, e tanto,

O meu estará sempre aqui.

Sempre aberto.

E, do meu lado

Sigo torcendo para que o tempo de chorar termine logo

E não volte nunca mais.


Com carinho, Naza

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