10 de set. de 2023

À sombra da coroa

O silêncio pesa,

Ensurdece,

Congela.

Na garganta, um balão flutua,

Sufocando,

Impedindo o ar,

O choro,

A vida,

            Matando.

Meu abraço, preso.

            Talvez pra sempre.

Presos, todos nós.

            Em casa,

            Em nossos medos

            Em cegueiras absurdas

            Em esperanças incertas.

E a coroa se impõe,

            Subjuga,

            Oprime,

            Mata.

Mais uma vez uma coroa mata.

Dessa vez, sem bandeira

Sem distinção,

Sem fronteira a defender

            Nem a ampliar.

Apenas mata.

Meu lar virou fortaleza.

Minha quietude, resistência.

Ficar em casa, a melhor ação.

E meu silêncio grita,

Ecoa alto...

Por uma fresta, com pouca luz,

Fito lá fora, que o velho mundo não existe mais.

Independente das vontades,

            Da minha ou da sua.

À sombra da coroa o mundo muda.

Aqui, rumino meu balão

E tento sobreviver ao peso desse silêncio...


Caiapônia, GO

12/05/2020

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