22 de dez. de 2012

Sobre como vivo, e o fim do mundo


O mundo não acabou, e não irá acabar agora.
Ao menos não o meu.
Tenho tanta certeza disso, quanto tenho sobre a força da minha oscilante fé, quanto tenho do fato de ser apaixonado, quanto tenho certeza do amor que sinto por minha filha (que diferença faz não serem meus genes que a definem? Por certo os carbonos que a compõe, são exatamente iguais aos que me formam).
Tenho tanta certeza de que meu mundo não vai acabar, ao menos não agora, nessas próximas décadas, por não ter ainda feito todas as declarações que preciso. Por não ter ainda lido todos os livros que merecem, nem ouvido todas as canções que realmente valem à pena. Tampouco dancei todas xotes, salsas, tangos, frevos, reggae e boleros que pretendo (faltam até mesmo alguns “arrocha”). Ainda não consegui escrever meu melhor poema, nem o romance a tempo planejado (que deve ser escrito a quatro mãos, “pelos melhores do universo”).
Se ainda não consegui entrar no mundo, no corpo, na vida, na alma da mulher que agora me encanta, como poderia permitir que meu mundo se acabasse agora?
E, se já passa mais de uma década desde meu último vôo, como pode meu mundo se acabar? Não deixo esse mundo sem sentir o vento no rosto, suspenso no ar, levado pelo vento, preso a um parapente.
Claro, antes de novos vôos devem acontecer vários rapéis, noites dormidas sob as estrelas, ouvindo o som da noite no cerrado e o murmúrio de algumas cachoeiras.
É, definitivamente, meu mundo não acaba hoje. Nem nos próximos anos ou décadas. Pode ser que acabe um dia, em um futuro muito distante, quando tudo que eu disse e fiz deixar de ser lembrado, quando meus poemas repousarem eterna e serenamente no céu dos textos esquecidos, quando as histórias que conto não mais tocar a ninguém e, quando os filhos dos filhos de meus tataranetos desistirem de terem filhos. E agora falo dos meus próprios genes, o que dá uma sobrevida para minha história, já que minha única filha, até o momento, é a já citada acima. Os demais ainda estão por nascer.
E ainda tem Bonito, Fernando de Noronha e vários outros lugares a visitar. A planejada noite nos Lençóis Maranhenses, com alguns poucos amigos, ao redor de uma fogueira e ao som, e na companhia, do Baleiro?
Quem sabe ainda comprar um lotezinho em Alcinópolis, ou em Alter do Chão, construir uma casa simples, e envelhecer tranquilo.
É, ainda tenho muito o que fazer, antes que meu mundo acabe. É bem verdade que protelo alguns sonhos e planos, alguns por impossibilidade de realizá-los por ora, mas tem outros que protelo deliberadamente, e também estou sempre plantando novos, para não ter motivos de me sentir entediado com a vida. Contudo não tenho uma lista de coisas que faria caso soubesse que o mundo fosse acabar amanhã. Não que eu não fosse fazer nada. Apenas não creio ser necessário mudar minha rotina. Tenho bons amigos por perto, minha família tem a união que acho na medida certa para as famílias, sempre digo quando gosto de alguém, não fico deixando pra me declarar depois. Também procuro me desculpar sempre que sinto ter agido de forma indevida com quem quer que seja. Não sou perfeito, mas minha gentileza me agrada, e a forma com que me relaciono com todos me parece correta.
Cometo erros, acertos, tenho alegrias e tristezas, surpreendo pessoas, positivamente ou não, proporciono e sinto prazer, durmo sozinho ou acordo com belas mulheres. Mas, o importante é que faço tudo enquanto estou vivendo hoje.
Tenho certeza que meu mundo não se acabará. Mas deixo o amanhã pra depois. Vivo exatamente o momento que realmente tenho, e assim tenho poucos motivos para me arrepender, ou me entristecer, caso meu mundo resolva me surpreender, e acabar à minha revelia. Seja como for, prefiro estar preparado, com o coração em paz, a alma leve e o espírito em Paz.

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