3 de mar. de 2024

Seu sabor

 E, nessa manhã,

Meio que “do nada”

e sem motivo

Seu sabor veio me visitar

Como se em minha boca fosse sua saliva

 

Escova e creme dental,

O enxaguante bucal

só reforçaram a sensação

Saudade de daqueles beijos matinais

 

Preparei um café forte

De nada adiantou,

         Cafés sempre estiveram presente em nós

Acordei inda mais

E o sabor ganhou aroma.

 

Comi

bebi

e você seguiu em mim

agridocemente atormentando

 

Banho, tomei

Andar, caminhei

Liguei o rádio

Ouvir músicas

Li notícias e futilidades

Ouvi sobre as guerras

Até trabalhei,

Tentei me iludir

E te ludibriar

         Em vão

 

Por fim, desisti

Parei de tentar fugir

Aceitei ser (metafisicamente) sua morada

Como sempre gostei de ser

E, assim, abri uma cerveja

Para harmonizar

 

Combinação perfeita

Desde quando me emprestava seu calor

E, após o desencontro,

Tornou-se mais presente hábito

Afagando minha alma

Amenizando minha dor

Clareando minhas lentes

E Realçando seu sabor...

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