19 de set. de 2017

Quero fugir daqui,
                de mim.
Quero encontrar um lugar,
Um mar onde velejar tranquilo
Um deserto
onde minha lágrima não molhe a areia
uma montanha tão alta
que nenhuma saudade consiga chegar
Um lugar onde estar só, não seja solidão
Um lugar diferente
Onde tenha perfume, as flores.
E dos frutos emanem doces odores
Onde o ar entre nos pulmões
Leve
E não como explosão.
Quero refazer caminhos
Retocar pinturas
Reescrever versos tortos
Regar canteiros,
                E não decepar margaridas
Brincar ao amanhecer
Correr livre em meia tarde
E, no ocaso da existência,
Que eu possa me sentar em paz
Ao lado de quem não teve medo de viver comigo
Me sentir seguro
E protetor
Ao segurar uma delicada mão
Quero sentir o tempo passar sem medo
Sem pressa
E sem vergonha.
Que o vinho me seja companheiro de risos
E não alívio da dor
Que as lagrimas existam
Mas que venha muito mais por alegria
E quase nunca por sentir que escolhi errado.
Que as escolhas não pesem
Que os passos não pesem
Que os anos não pesem
Mas que a vida,
                ela, inteira,
tenha valido a pena.
É o que espero
Por isso,
                Talvez,
Eu queira fugir de mim agora.
Mas sei que para chegar lá,
                Onde espero,
Preciso, antes,
Passar por aqui.
E tenho certeza,
Esse exato momento,
Que agora doe
Um dia será lembrança feliz
Aprendizado
Necessária lição.
Só por isso não fujo
Sigo firme,
No agora
Me agarrando a tudo que está ao alcance de minhas mãos
Lembrando de cuidar sempre
Desse inocente
Inconsequente
                E quase irresponsável
Que é meu pobre coração.

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