17 de jan. de 2012

Estranha ausência...

A chuva fina, como é comum nessa época do ano, nesse pedaço do globo, não deu trégua. Persistiu por todo dia, e quase a noite toda. Apenas com pequenas pausas.
Mas isso nunca foi pretexto para reduzir a euforia coletiva (pode até conseguir faze-lo com uma, ou outra pessoa, individualmente, mas no coletivo, nem pensar), nem interromper os preparativos.
Na verdade, para quem vai para praças, avenidas, praias e toda sorte de local aberto, a chuva, desde que não seja nenhuma tempestade, até dá um charme ao momento.
Festa da virada de ano ou, para os que preferem um termo importado, réveillon não tem apelo religioso de nenhuma crença (a não ser pelo fato dos anos do calendário gregoriano serem contados a partir da hipotética data do nascimento de Jesus), é uma grande festa digamos, secular (acho que já podemos dizer, milenar...) (confesso que nunca entendi alguns termos usados por alguns cristãos para se referi ao que não está no escopo de suas doutrinas, mas esse não é o foco agora).
Apesar de não ter apelo religioso, nem ser tão explorado pelo comércio capitalista, afora pela industria do turismo, é a data que, ao menos conforme minha percepção, mais mexe com imaginário místico das pessoas. Ainda mais quando se entra em um ano como o que estamos começando agora, onde se encerra mais uma “contagem longa” do calendário maia.
Não apenas os adeptos das profecias apocalípticas se mobilizam, mas todos os videntes, apresentadores de tv, editores de revistas de variedades e de futilidades, cientistas e, claro, também religiosos de todos os credos (os sem credo nenhum, pouco se envolvem nessas história, a não ser para tentar provar que é tudo um monte de viagem, ou paranóia coletiva).
Indiferente a isso tudo, a chuva foi perene no dia 31 de dezembro de 2011 em Goiânia.
Eu, com amigos próximos. Gente de outros carnavais (e de outros réveillons também, claro).
O novo apartamento ficou ótimo para receber algumas pessoas, e eles se programaram para isso. Nem tudo foi montado, mas deixamos a casa pronta para a pequena recepção.
A chuva não parou a noite. Eu cheguei cedo.
Logo os outros convidados chegaram também. Mesa simples, mas bonita e deliciosa. O terceiro andar, mesmo não sendo muito alto, nos proporcionou uma boa visão da cidade, que é sempre bonita, vista de cima. Ainda mais com aquela chuva fina, e com os fogos brilhando em toda parte.
Estouramos champanhe, comemos uva, e tudo mais que a tradição, e a fome, nos diz que é bom.
Conversa animada, divertida. Velhos e novos amigos, todos vindos da mesma cidade do interior, com exceção de um baiano nada intruso.
Enfim, eu estava em casa.
Me divertir, como sempre acontece. Desejei felicidades à todos. Recebi abraço, votos bons e bons fluidos.
Conforme deliberação pessoal, não fiz promessas.
Aproveitei bem o momento, com a intensidade que achei conveniente e que era possível.
Uma coisa porém não passou despercebido por mim.
Tenho 40 anos, muitos amigos (novos e velhos) espalhados pelo mundo, lembranças de lugares por onde já passei, e onde assisti a passagem de outros anos. É normal, para mim, sentir um pouco de saudade das pessoas, dos lugares e dos momentos. Não aquela saudade que faz mal, mas aquelas feitas de boas lembranças. É normal e eu confesso gostar.
Mas, dessa vez ela não veio como de costume. Eu me lembrei sim, de alguns amigos. Até liguei, ou mandei mensagem para uns poucos.
Mas a saudade não esteve presente. Como se eu estivesse anestesiado. Apesar da cerveja, das risadas e das lembranças de algumas boas aventuras vividas com alguns dos presentes...
Sei que 2012 será ótimo. A vida sempre foi, e continuará sendo boa para mim, apesar dos vários perrengues já vividos e dos que ainda estão por vir.
Nos próximos réveillons não sei com quem, nem onde estarei. Mas sei que estarei com pessoas com quem se compensa estar, e será no lugar certo. E vou me lembrar dos que já passaram. Sentirei saudades. É possível que lágrimas caiam. Espero não perder a capacidade de me emocionar com fatos presentes ou com boas lembranças. Assim como de aprender com lições já vividas. Acho que isso atribui à mim minha melhor parte.
Mas esse réveillon foi marcado como aquele no qual a ausência mais sentida foi da saudade...

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