20 de jul. de 2009

Da série "cartas à amigalidi" - Sobre nossas amizades...

A foto não tem nada de original, quatro pessoas deitadas em um gramado, cabeças encostadas, formando meio que uma cruz. A distancia da câmera não foi grande, e a mão que a segurava era de um dos quatro, por isso não ficou bem centralizada. Mas isso não faz a menos diferença. O que importa mesmo é o que ela retrata. Quatro amigos, em um momento de pleno envolvimento, e felizes.

No caso, dois rapazes e duas moças, e quem olhar a foto pode imaginar que eram dois casais de namorados. Mas não. são quatro amigos.

O local, um canteiro qualquer em Chapadão do Sul, uma bela cidade do Mato Grosso do Sul. A data, pode estar impressa em algum lugar. E poderia ser útil para contar a cronologia dessas amizades. Mas para aquelas pessoas, também não faz muita diferença. Eles se lembram do que sentiam, e isso é mais importante que datas. Afinal, o tempo passa. Mas as amizades verdadeiras, essas se eternizam.

E, na verdade, o tempo serve exatamente para nos mostrar quão importantes são nossas amizades. E o quanto nos apegamos e elas ao longo de nossa vida.

“A verdadeira afeição, na longa ausência se prova”, disse Camões em algum momento. Sempre concordei plenamente com ele.

Não somos seres individualistas. Não conseguimos viver em ilhas (apesar de estarmos nos fechando cada vez mais em nossos mundos particulares). Temos necessidade de dividir nossas vidas, tanto as alegrias e prazeres quanto nossas dores e angustias. Fazemos isso com a família na qual nascemos, mas para isso precisamos ter o sentimento de amizade. Buscamos construir outras famílias, e compartilhamos nossa vida com companheir@s, e filh@s. No entanto se não formos amigos, nenhuma união será duradoura.

É aos amigos que recorremos sempre que sentimos necessidade de estar com alguém. E pode ser pra desabafar sobre alguma angustia, para dividir uma nova conquista, para ver um filme baseado naquele livro que tanto gostamos, tomar uma cerveja ouvindo as belas baladas do Baleiro, visitar orfanatos, fazer rapel em alguma cachoeira, passar a noite repetindo velhas pidas (aquecidos por uma fogueira), uma boa conversa "do Egito". Ou mesmo só para dar, e receber, aquele abraço que nos conforta, protege e revigora.

E as boas conversas, hoje em dia, podem se dar quase que exclusivamente por meios digitais (viva todos msns e skypes dessa nossa cyber-vida). Mesmo assim a distância no tempo, ou no espaço não mata as verdadeiras amizades. Ao contrário, so nos mostra o quanto elas são fortes.

Com os amigos sempre poderemos contar. E é bom saber que nem sempre eles dirão aquilo que queremos ouvir, mas sim o que precisamos ouvir.

E, uma curiosidade a cerca das grandes amizades (das minhas pelo menos) é a falta de lembrança do momento da apresentação.

Com namorados e maridos/esposas não. Em quase todos os casos você vai lembrar a vida toda de como se deu a primeira aproximação. Vai lembrar o sabor daquele café que tomaram. O cheiro do perfume que o outro usava, da roupa que usava e até das primeiras palavras (nos tempos modernos, é possível que lembre da roupa íntima que a pessoa usava no primeiro dia em que se falaram). Mas com os verdadeiros amigos isso não é regra. Aliás, a regra é quase sempre não lembrar quando tudo começou. Sempre que tento lembrar quando foi que conheci um ou outro amigo, percebo que, quando dei por mim, já estava envolvido demais com essa pessoa. Já éramos amigos inseparáveis (que não significa ficar sempre junto fisicamente). Ou seja, o amor se formou e se fortaleceu de forma tão natural e sutil que não há o ponto de partida por isso é tão mais sólido (às vezes acho mesmo que em quase todos os casos são apenas reencontros, mas...).

O fato, minha querida amiga, é que se por um lado, tudo que fazemos, fazemos para encontrar um grande amor e perpetuar nossos genes, por outro todas as coisas realmente boas que fazemos, fazemos com, e pelos, nossos amigos. E a pessoa que nos tornamos na vida é, em grande medida, o resultado da qualidade das amizades que tivemos. (Não concordo com a idéia de que as companhias influenciam. Companhias não têm poderes sobre nós. As amizades sim).

Por isso, querida amiga, somos assim. Tão descaradamente apaixonados por nossos amigos. Nos amamos sem medo ou vergonha e sabemos que por isso somos muito mais felizes.

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