28 de abr. de 2009

Teatro Maldito (ou legítima defesa)

Noite calada,

Escura e fria.

Beco fechado,

Rua vazia.


O palco está sempre montado,

E, as personagens fazem, de fato,

Novas cenas do mesmo ato.


No elenco,

Como é constante,

O experiente

E a iniciante.


O silêncio pesa,

Quase não há luz,

Ela soluça,

- essa é a deixa -

Ele introduz.


Ela se esforça,

Tenta gritar.

Com a boca ocupada,

Por mãos e língua,

Somente pode chorar,

Enquanto seu sangue

Escorre e pinga.


Em sua mente,

Pensamentos desordenados

Passam como um furacão.


Ela é só dor,

Ele todo tesão.


No desempenho de seu papel

Ele se acha o melhor do planeta.

Ela já não se acha nada.

Sente, apenas, muita dor

E o horrível gosto de gameta.


Ele estremece e relaxa,

Outra explosão.

Ela percebe, movimenta rápido,

O brilho metálico troca de mão.


O novo quadro surpreende,

Ela não está mais no chão.

Ele, paralisado, quase se arrepende,

Experimenta algo novo,

O medo trocou de coração.


O dedo, tenso,

Pressiona o gatilho.

O coração dispara,

O dele pára.


Ela, nua, corre, chora e grita.

Mas está aliviada


Caído e sem vida,

Ele interpreta, brilhantemente,

O final, definitivo, daquela história,

Que ele próprio estrelou,

Em tantas outras madrugadas.

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