2 de dez. de 2011

Atendendo ao pedido do amigo/leitor Demerval, mais um trecho de "O Círculo de Loki"

(...)
A detetive Karine tocou a campanhinha e logo foi atendida por uma senhora simpática. Aparentava ter uns 75 anos, aparência certamente enganosa, culpa das grandes dificuldades que deve ter enfrentado por toda vida.
- Por favor, senhora, é aqui que mora o senhor Antônio Pedro Aguiar? - perguntou Karine.
- É sim! O ‘Toin Pedro’ mora aqui sim. -respondeu a velha senhora.
- Ele está?
- Ta, sim senhora. Por quê? - receiou-se a velha.
- Eu sou da polícia. Karine se apresentou mostrando o distintivo. E quero falar com ele sobre o roubo do carro.
- Ah bom! Vou chamá-lo - A senhora entrou. Minutos depois apareceu novamente à porta convidando os dois para entrar.

O senhor Antônio estava na sala. Sentado em um velho sofá coberto com uma napa amarelada, muito gasta. Na pequena sala via-se além do velho conjunto estofado de duas peças, uma estante de metal tubular e vidro, onde havia alguns bibelôs, garrafas de vinho e uma tv de 20 polegadas. Além de uma imagem de Nossa Senhora Aparecida ao lado de uma pequena estátua de Pe. Cícero esculpida em madeira, com cerca de 15 cm. Senhor Antônio percebendo que Karine se deteve por muito tempo admirando a estátua adiantou-se.
- É que somos lá do Ceará. Devotos de Nosso Padim.
- Desculpe senhor Antônio. Só estava pedindo a benção - Saiu-se bem a detetive. Com essa demonstração de fé e respeito pela crença dos moradores, Karine desarmou o que podia haver de receio no velho casal, e ganhou a confiança deles.
- Senhor Antônio, como disse para sua esposa, sou da polícia. E estou aqui por causa do roubo do seu carro.
- Graças a meu Padim, já encontraram ele? - interrompeu o senhor Antônio.
- Não seu Antônio. Ainda não. Vim aqui porque o carro do senhor foi usado para fazer uma coisa muito ruim, lá em Goiânia. E como o senhor teve contato direto com os ladrões, gostaríamos de saber se o senhor consegue contar pra nós como eles eram. O senhor consegue?
- ‘Benhê’, traz um café pra moça e pro menino aqui - pediu o senhor antes de responder à pergunta.
- Olha minha filha, eram só dois. Mas, não deu pra ver o rosto deles, por que estavam com camisa amarrada na cara. Só ficavam os olhos descobertos. Mas, eles eram gente muito ruim. Não eram grandes não. Um era negro e muito calado, forte e nervoso. O outro muito falante, tranquilo e parecia muito frio.
- Teve algum detalhe deles que o senhor conseguiu perceber?
- Humm. A voz do negro é muito esquisita. Ele quase não falou, mas quando falou eu só não ri porque estava muito nervoso, e eles estavam armados. Só isso.
O café foi servido. Os quatro tomaram calmamente. Só o garoto dos desenhos repetiu.
- Sabe tava lembrando aqui. Não sei se ajuda, mas acho que o cabelo do rapaz branco é loiro. Mas, não é loiro de nascença não. É desses loiro tingido, sabe como? E ele tinha um desenho no braço esquerdo - lembrou o taxista.
- Um desenho? - animou-se Karine.
- É uma tatuagem, como fala essa gurizada.
- Isso é muito importante. E o senhor consegue contar como é esse desenho?
- Acho que ...
- Espere seu Antônio. O nosso artista aqui vai tentar fazer o desenho conforme o senhor for falando - disse Karine fazendo sinal para o perito se preparar.
- Pronto! - disse o garoto com papel e lápis nas mãos.
- Então, é uma cobra enrolada no corpo de uma mulher pelada. Em volta tem umas estrelinhas amarelas. A cabeça da cobra ta por cima da cabeça da mulher. Com a boca aberta e a língua de ‘furquia’ encostada na testa da mulher também. E a mulher ta segurando numa das mãos um punhal desses meio tortinhos, sabe?

O taxista terminou sua descrição e menos de um minuto depois o perito estendeu as mãos mostrando o resultado de seu trabalho. O humilde senhor Antônio deu um sobressalto de susto, tamanha a perfeição do desenho que via ali.
- É isso mesmo. Foi você que fez aquele desenho no braço daquele marginal, não foi? - perguntou assustado, já começando a temer por sua segurança, imaginando que esses dois fossem parceiros dos que levaram seu carro...

2 comentários:

  1. Um jogo em especial se destacou e realmente ajudaram a tornar incrivelmente popular Atari 2600. Este jogo foi chamado de Pacman. A premissa básica do jogo era que eles iriam se deslocar de um labirinto como a placa de lâminas pouco movimento, ao mesmo tempo tentando evitar os elfos que estavam tentando agarrá-lo.

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  2. Muuuito bom.. Mas eu vim ler pq vi o nome e me lembrei.. Nossa!! Nem sei há quantos anos eu não vejo o Demerval.. =)

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