21 de jan. de 2011

Para degustação - - Trecho de "O Círculo de Loki", meu próximo livro...

No mesmo instante em que a policial Karine deixava a casa de sua mãe, um jovem senhor, sisudo, aparentando não mais que 40 anos jantava sozinho no Raymond’s, no número 28 da Church Street, em Montclair no estado americano de Nova Jersey. Bem vestido, com terno de corte perfeito, gravata de seda e sapatos de pelica, ambos italianos, o elegante homem saboreava o prato que o fazia percorrer as quase 12 milhas que separavam aquele restaurante de Nova York, com certa frequência. Ele parecia distraído demais quando outro homem sentou-se à mesa, sem dizer nada antes.

“Está feito! Os alvos foram abatidos”. - disse o homem que acabara de chegar.

O outro levantou levemente os olhos, usou o guardanapo nas mãos e lábios, tomou um gole de sua tônica e respondeu: “Espero que dessa vez tenha sido definitivo”. Falou suavemente, com um sotaque carregado, e voltou a comer seu Chicken Satay acompanhado por Mediterranean Platter Salad.

“Sirva-se, esse frango está ótimo!” - ofereceu ao convidado.

“Por favor, Mark, não entendo por que você insiste em vir comer nesse lugar. O que tem aqui de tão especial?”

“Sua visão é muito limitada meu caro MacCoy. Olhe ao redor. O lugar é ótimo. As pessoas não estão preocupadas com quem está ao lado, a música é de bom gosto, a garçonete é uma delícia e o proprietário é meu amigo da juventude. Além do mais, servem o melhor frango com saladas que eu já experimentei em toda minha vida, e vou pagar por esse prazer não mais que US$ 21.00. Não está mesmo afim?”

MacCoy com falsa relutância serviu-se com um pouco do Chicken Satay e pediu uma Soda.

“Como foi? Espero que tenha sido um serviço limpo e sem rastros”. - disse Mark.

Em parte. No Brasil não foram tão discretos assim. E teve uma vítima desconhecida”. - respondeu MacCoy enquanto mordia seu frango.

“Droga Ernest! Quantas vezes eu recomendei que fosse tudo feito de forma limpa e discreta. Vocês fazem bagunça e ainda está me dizendo que mataram outra pessoa?” – Mark falou mais alto, visivelmente irritado.

“Fique calmo. Infelizmente havia um sujeito no lugar errado. Não sabemos quem era. Mas que diferença faz?” - Ernest deu de ombros.

“Quero que certifique, se o objetivo foi atingido de fato. E por favor, limpe a sujeira que vocês fizeram”.

“Tudo bem, vou manter os rapazes lá por mais algum tempo. E já ordenei que apagassem os rastros”. Ernest MacCoy disse isso e levantou-se. Sem se despedir saiu em direção à porta. Após quatro passos, virou-se para Mark, fez cara de desdém e disse: “Cara, esse frango é horrível!”. Virou-se novamente e saiu. Mark Romanov ameaçou dizer alguma coisa, mas desistiu. Apenas pensou. “Hum! Porcos sempre enxergarão milho se lhes jogarem pérolas”. Baixou novamente a cabeça, suspirou de prazer e alívio. Mais um gole de sua tônica e voltou a comer.

2 comentários:

  1. Querido Naza!

    Você realmente arrebentou - no bom sentido, é claro! Como pôde, assim, "mudar" (querendo dizer passear) radicalmente o estilo? Um poeta assim nunca se viu! Parabéns, meu amigo! Quererei ler essa obra na íntegra, viu?

    Seu amigo Axel

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  2. Olha só! Parece que vem surgindo uma fic-ação no horizonte! Gostei do trecho e estou curioso pelo resto que lerei!
    Nomes, lugares, cardápio e suspense. Bons componentes. Mas não se esqueça de fazer a estória supreender.

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