Car@s,
Antes de qualquer coisa, agradeço a solidariedade e preocupação manifestada por vários de vocês.
Obrigado! Não se trata de nenhum problema com meu casamento. Eu e Alê estamos bem. Tão bem como se pode estar nesses tempos.
Também não pretendi falar sobre a situação de nenhuma amiga, por mais semelhança que o “desabafo” do primeiro texto dessa “série” possa ter com suas situações reais. Se eu tiver provocado alguma dor, peço desculpas. Se tiver sido útil, fico feliz e agradecido.
O desabafo feminino pode ter a pretensão de servir como incentivo a nós, homens. Para que possamos refletir sobre a forma como estamos tratando “nossas” fêmeas companheiras.
No entanto o enredo imaginado (os objetivos e contextos, consequentemente) foi outro. Abaixo a conclusão.
“Há muito tempo atrás (entre 3 e 4 milhões de anos) aparecemos por aqui. Ficamos conhecidos nessa época de “Australopithecus”.
Fomos bem recebidos, fomos respeitados e a Terra, a companheira que nos acolheu de forma carinhosa, também confiou plenamente em nós. Confiou tanto que nos permitiu usar todas as suas riquezas. Não so usar, como gerir como nos parecesse melhor.
Essa amorosa companheira também se esforçou em auxiliar para que evoluíssemos. E aconteceu. Desde então mudamos muito.
Fomos “Homo habilis”, “erectus”, “sapiens”, “sapiens neanderthalensis” e por fim nos tornamos “sapiens-sapiens”. Mas olhando agora, não tenho tanta certeza de poder afirmar que todas essas mudanças representaram, exatamente, evolução.
Experimentamos avanços. Não questiono isso. Avanços científicos, tecnológico, lingüísticos, estruturais e infra-estruturais. Também passamos por mudanças sociais, políticas e religiosas. Mas teremos mesmo evoluído? A evolução moral e espiritual de que as religiões falam?
Não estou certo. Na verdade tenho motivos para acreditar que essa não tem sido nossa prioridade.
É por isso, e por observar a forma desrespeitosa, cruel e ingrata que temos tratado a Terra (essa companheira amorosa, protetora e benevolente) que ouso imaginar que, se a Terra pudesse falar as limitadas línguas humanas, em nossos dias ela estaria nos dizendo àquelas palavras (parte 01 do referido texto) como forma de desabafo e, também, como ultimato.
E se nós, tivéssemos a capacidade de nos despir um pouco de nossa demasiada ganância, de nossa prepotência e desse orgulho idiota que nos impede de reconhecer nossas falhas, nosso real poder e nossa dependência. Possivelmente teríamos pensamentos, como os que teve o personagem masculino da narrativa.
Mas não aprendemos, ainda, a perceber que somos dependentes dessa que tanto maltratamos. Achamos-nos donos de tudo que conhecemos e, por isso, não percebemos que da permissão que temos para usar os recursos que são dela, sempre dependeu, e depende, não só nossos avanços e confortos, mas nossa própria vida.
Nossa amada não suporta mais ser tratada como está sendo. E está gritando isso. Precisamos aprender ouvi-la. Ou será o nosso fim. Não o dela.
Desde que chegamos, ao contrario do que se esperava, temos sido para a Terra o mesmo que o câncer é para nós. E, o que fazemos com os tumores quando estão em nosso corpo? É o que ela pode fazer conosco, se não mudarmos nossa forma de agir.
Precisamos voltar a nos relacionar com a terra. Não estou falando de uma relação onde ela não passe de fonte de recursos ou matéria-prima. Falo de uma relação de amor. De cumplicidade e cooperação.
Você pode dizer que é um grande erro supor que a Terra seja nossa (minha) esposa/amante. Você prefere achar que ela se parece mais com mãe? Com criadora? Tudo bem. Que seja. Mas se relacione com ela. Fale com ela de suas angustias e alegrias. E, sobretudo aprenda a ouvi-la. A respeitá-la.
É isso ou vamos precisar sair daqui. E alguém aí conhece um outro lugar pra onde poderemos ir? Alguém consegue viver longe da Terra, e de tudo que ela nos oferece?
....
Foi o que pensei.
Ou mudamos agora, enquanto ainda temos chance. Porque depois não vai adiantar “chorar a água desperdiçada”
Nos resta pouco tempo, mas ainda temos algum...”
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