Amig@s
Em Goiás, no extremo sudoeste do Estado, no município de Mineiros. À esquerda de quem se dirige à essa cidade, vindo de Goiânia, ou Jataí. Logo após o Ribeirão do Ferro, há uma pequena placa indicativa, que aponta a entrada do local denominado de Pilões.
Hoje, ao se falar "Pilões", possivelmente, os mineirenses estejam se referindo à toda uma localidade rural, de grande extensão, onde se produz, sobretudo leite bovino.
Mas, na verdade, o termo “Pilões”, tem origem em umas peças artesanais que durante muito tempo atraiu grande quantidade de pessoas até à margem de um pequeno córrego, que também é conhecido por esse nome. Trata-se de três pilões que funcionavam como chafariz e bebedouro. Na verdade o que atraia as pessoas não era exatamente os pilões, mas as propriedades das águas, e da lama, desse pequeno leito. Rica em enxofre (e sei lá em que outros elementos químicos), a água e a lama, dita sulfurosas, dos pilões possui uma áurea mística no inconsciente coletivo da região. Ao menos possuía. Tanto que durante muito tempo, acho que entre os anos 40 e 60, funcionou, no lugar, uma movimentada pensão. Que estava sempre cheia de pessoas que viam buscar as curas milagrosas daquelas águas e daquelas lamas. Sim, daquelas lamas, assim no plural mesmo. É que existe lá o "barro branco" e o "barro preto", como dizem os antigos frequentadores. Hoje em dia so resta a "tapera" abandonada da velha pensão. Mas os antigos ainda sabem que as águas dos Pilões são milagrosas. Se tem dúvida, pergunte à dona Felisbina ou, à dona Pequena, pra ver. Quem também sabe das propriedades daquele córrego são os estudiosos de agora. Químicos afirmam, sem pestanejar, que as águas e as lamas dos Pilões são mais ricos que o famoso barro de Araxá. Eu não tenho dúvida. E, juntamente com meu amigo "Marelo" sabemos que o município de Mineiros, e toda região vem desperdiçando dinheiro, ao desprezar aquele grande potencial turístico. Mas um dia alguém irá acordar (eu espero).
Mas, afinal por que estou falando dos Pilões agora? É que ontem (domingo, 28/09) à tarde uma notícia me trouxe à mente a idéia de que talvez eu jamais conheça um outro elemento de beleza, e encantamento, que aquele pequeno córrego possui. Trata-se de uma bela cachoeira, onde se forma um ótimo poço. Fica um pouco abaixo do ponto mais conhecido, e onde tem a bomba d'água, no meio de uma densa mata ciliar (espero que ainda exista a mata...).
É, meus amigos, eu sei que ela existe. Por várias vezes estive lá, bem perto. Mas agora acho que posso não mais conhecê-la. E na verdade, nesse exato momento acho que não quero.
É que ontem fiquei sabendo que meu amigo que sempre comentava sobre essa cachoeira, e com quem eu havia combinado de "um dia ir", não está mais entre nós (e a notícia so chegou até mim alguns dias após). O tempo dele na Terra terminou na semana passada. O sofrimento provocado por uma longa enfermidade deu lugar à liberdade do espírito, e ele se foi.
Não me entristeço pela morte. Afinal sei que se trata de uma mudança de estágio. Uma transição que apenas nos leva à um novo recomeço, e que não acaba com a vida, posto que essa é eterna. (E devo essa noção, e essa crença, exatamente a esse meu amigo).
Entristeço-me, sim, pela distancia que sempre acabamos tomando dos velhos amigos. E pelas possibilidades que perdemos na vida, por não saber administrar bem nosso tempo.
A culpa de por eu não conhecer a cachoeira dos Pilões é apenas minha, pois ele, com muito mais responsabilidades que eu, várias vezes, me provocou para que fossemos (...).
Ah meu amigo, me desculpa.
Esse meu amigo foi uma daquelas pessoas que, mesmo (talvez) sem pretensão, fizeram grande diferença (e causaram grande impacto) em minha vida.
Ele me abriu a janela para a crença que hoje professo (aqui também ando relapso, assim como fui com a cachoeira), me aproximando um pouco mais do Grande Mestre Jesus.
Ele ajudou a reforçar a minha motivação para continuar estudando. E foi dele uma atitude decisiva para que eu entrasse na faculdade (Obrigado meu amigo. Paguei aquela inscrição, mas nunca poderei pagar o que você fez por mim).
Logo no início de nossa amizade, me lembro dele me incentivando a escrever, e me dando algumas dicas importantíssimas. Em uma delas ele me disse (me lembro como de fosse agora) – "Nazareno, para correr menos risco de errar, e para que seu texto não se perca, faça frases curtas e, sempre que possível, parágrafos curtos também". Me lembro sempre mas, com minha quase inexistente capacidade de síntese, e sendo tão prolixo como sou, estou sempre me penitenciando por conta dessas palavras. Na época as dicas visavam melhorar meus textos no livro de registros da Mocidade Espírita, la de Mineiros. Mas ele sabia que isso me acompanharia pela vida toda. Hoje eu também sei.
Ele me influenciou também, de forma indireta. É que, buscando merecer sua amizade, e de toda a família, eu quis ser uma pessoa melhor. Outra vez ele me deu crédito e, ainda hoje continuo querendo ser uma pessoa melhor, para que eu realmente mereça o que já desfrutei, e desfruto.
Não, eu não o acompanhei até a Cachoeira dos Pilões. Mas nuca vou me esquecer o acampamento na Pedra Aparada, ou as visitas ao Sucuri, tão-pouco aquela agradável visita à "Gruta do 71". Sempre acompanhados de outros amigos e, por vezes, de alguma de suas filha ou seu caçula, ainda bem pequeno. E sempre em seu velho e bom fusca branco.
Certamente a falta de sua presença física será sentida enquanto os que te conheceram viverem aqui. Também seus ensinamentos jamais serão esquecidos. Mas que nada disso seja motivo para a dor ou sofrimento. Ao contrário, que a memória de sua fé e sua generosidade nos torne cada vez mais fortes, melhores e mais felizes.
Mesmo não tendo acompanhado sua luta contra a enfermidade que o abateu, sei que ele expiava suas poucas dívidas (certamente de existências anteriores), e agora deve estar reforçando a equipe de Deus, na luta pela construção de um universo de Paz.
A esse meu amigo, eu agradeço por tudo que fizemos, e por me mostrar que tenho várias cachoeiras a conhecer, e nas quais posso banhar, e que a opção de conhecê-las depende exclusivamente de minha vontade pessoal, e do meu próprio esforço.
Obrigado Querido amigo.
Sempre, ao fim fim de um grande espetáculo, somos impulsionados à aplaudir. Por isso, mesmo com um pequeno atraso, vai aqui meu grande aplauso.
Aos familiares meu terno abraço, e esse meu silêncio denso.
Meu Carinho especial à 'dona' Olinda, esposa de (e pessoa tão iluminada quanto) Aloízio de Assis Paniago. Meu amigo "'seu' Aluízio", de quem estou falando.
Estejam, todos, em Paz.
PS. Agora tenho, novamente, a companhia de outro grande amigo, a quem sempre cito em minhas boas lembranças. Afinal foi o irmão Aires que, em um canarval que mudaria para sempre minha vida, me apresentou "seu Aluízio", toda sua família, além de outros amigos. E todos juntos me ensinaram que "sem caridade não há salvação" e que nenhum mau é eterno e todo mal é passageiro. O que reforçou (e mantêm forte), em mim, a fé na humanidade.
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