Da utopia ao país ideal, só depende de nós
A população está indo pra ruas, mostrando sua indignação com a atuação dos políticos, com a forma injusta e desonesta que nossas riquezas são geridas, com a impunidade, com a corrupção e toda forma de apropriação indevida dos recursos advindos de nossos impostos e contribuições, e como consequência de tudo isso, nossa indignação pela má qualidade dos serviços que devem ser oferecidos pelos governos, para toda população, como saúde, educação, segurança e, claro, transporte público, e aí nesse caso, tem ainda os altos preços cobrados dos usuários.
A população está indo pra ruas, mostrando sua indignação com a atuação dos políticos, com a forma injusta e desonesta que nossas riquezas são geridas, com a impunidade, com a corrupção e toda forma de apropriação indevida dos recursos advindos de nossos impostos e contribuições, e como consequência de tudo isso, nossa indignação pela má qualidade dos serviços que devem ser oferecidos pelos governos, para toda população, como saúde, educação, segurança e, claro, transporte público, e aí nesse caso, tem ainda os altos preços cobrados dos usuários.
Se os aumentos
no preço das passagens de ônibus serviram de “gota d'água” que fizeram
transbordar o saco da paciência dos brasileiros, está claro para todo mundo
que, definitivamente, todas essas manifestações, para usar um refrão muito
repetido pelos manifestantes, “não é pelo busão mas, sim, pela Nação”.
Estamos
entalados de tantas injustiças, corrupção, impunidade, e descaso das nossas
“autoridades” para com a população. “São tantos problemas que não cabe em um
cartaz”, disse um criativo cartaz elaborado pela imensa criatividade e bom
humor do brasileiro.
O crescimento
das manifestações, e sua continuação após várias capitais anunciarem o
cancelamento do aumento das tarifas de ônibus, demonstra uma disposição para
protestar que há muito não se via no país. Mas, onde essa demonstração de
descontentamento poderá nos levar?
Alguns
analistas políticos anunciam que a falta de liderança e de foco na agenda
enfraquecem o movimento, que tende a morrer em poucos dias, sem provocar
grandes mudanças, ou mesmo mudança nenhuma.
Há ainda os que
dizem que alguns aproveitadores mais antenados se apropriarão de toda essa
efervescência afim de capitalizar eleitoralmente. E claro, tem os mais bem
moldados pelo processo de formação de autômatos, que é o sistema político,
combinado com a educação reducionista e os grandes veículos de comunicação.
Esses não acreditam que nada será mudado, e que todas essas manifestações é
coisa de jovens desocupados que não sabem nem porque estão nas ruas.
O que não falta
são análises. Com embasamento solidamente apoiado em teorias científicas e
pareceres sociológicos, seja de direita,
ou de esquerda.
Para mim, a
melhor análise foi feita pelo jovem Victor Lisboa no artigo “Manifestações no
Brasil, o Cisne Negro e o Centésimo Macaco”, no site Papo de Homem. E poderia
ter achado essa a melhor análise simplesmente devido ao fato de que corresponde
ao que penso. Mas não foi apenas por isso. É que realmente acredito que tentar
compreender e explicar o que está acontecendo com análises apressadas e,
principalmente, considerando sempre as mesmas variáveis já consideradas antes,
muito mais que reducionista, me parece um esforço grande de não enxergar além
dos modelos que aí estão estabelecidos, e com isso, perdemos grandes
oportunidades de avançar, promovendo transformações reais nas estruturas
sociais.
Outro grande
erro que em minha opinião devemos considerar, e repensar, é nosso hábito de
considerar todos os fatos isoladamente. Uma olhada rápida pelo planeta, e
veremos que o mundo está em um movimento global por alguma coisa, Tudo bem que
parece que cada luta tem sua causa própria e específica. Mesmo aqui no Brasil,
existe um esforço em tentar reduzir o alcance das manifestações, focando apenas
na “questão” do aumento das tarifas de ônibus. E é verdade que as vozes mostram
que cada pessoa tem suas próprias indignações. Mas será mesmo que as
manifestações daqui são de fato diferentes, e por motivos tão díspares das que
ocorrem na Turquia, no Egito ou no mundo Árabe?
Isolamos demais
nossos problemas. Nos preocupamos única e exclusivamente com os problemas que
nos incomodam pessoal e diretamente. Mas, será mesmo que não sofremos
consequências de toda injustiça que ocorre no planeta? Se eu não uso ônibus,
então não vou me importar com o preço das passagens? É assim mesmo que devemos
pensar?
Não creio,
assim como não creio que as manifestações pelo mundo devem ser observadas
apenas isoladamente.
Mas, algumas
ações cabem sim a cada grupo social. Por aqui, creio que o momento não pode
virar história assim tão rápido. E não podemos perder o desejo por mudança que
está nos levando para as ruas agora. Sim, por mais que tentem dizer que “o
gigante não estava adormecido”, não se pode negar que uma grande parcela desse
gigante despertou sim agora, e com uma grande diferença de grande parte da
parcela que sempre esteve acordada e ativa. Agora não estamos sendo conduzidos
por nenhuma bandeira de partido. Agora não precisamos ser convocados por
nenhuma organização, que geralmente tem posição parcial e defende interesses de
pequenos grupos. A mobilização está sendo espontânea. O desejo por mudanças
está em cada um, e em todos nós.
Mesmo que a
bandeira de uns seja barrar o aumento das tarifas dos ônibus, a não aprovação
da PEC 37, o descontentamento pelos custos “irreais” e inaceitáveis de
construção dos estádios e tudo mais para realização da copa do mundo, contra a
“cura gay” e/ou a “bolsa estupro”, dentre tantas outras, essas são apenas as
bandeiras externalizadas e, precisamos aceitar que nem todo mundo tem a mesma
opinião quanto ao aborto, e alguns outros pontos. No entanto algumas angústias
são sim compartilhadas por toda população, ao menos pela esmagadora maioria da
população, que é explorada (roubada, desrespeitada, enganada...). Algumas
dessas angústias nem estão sendo postas de forma explícita, pois estão aí,
quase como entidades (meta)físicas, a incomodar a todos, causando danos
irreversíveis na sociedade. Gerando vítimas fatais, e sequelas em cada um e em
todos, que levarão muito tempo para serem curadas. O descaso com os serviço
público de saúde, a completa falta de prioridade com que a educação é tratada
no Brasil, a péssima qualidade do transporte público, a falta de investimentos,
a altíssima carga tributária que o brasileiro é forçado a pagar, sem o devido
retorno, a falta de investimentos em segurança pública, o nível de impunidade
que colabora para ampliar a criminalidade, a falta de investimentos em lazer e
arte e cultura. Por fim, a mãe de todas as mazelas, responsável (inda que
indiretamente) pela maioria das mortes não naturais que ocorrem nesse país,
seja nas ondas de violência, por falta de atendimento médico, pelas epidemias,
no trânsito, conflitos rurais e extermínio de etnias nativas. Esses fatos, mais
que nos deixar indignados, estão provocando as grandes manifestações que
estamos assistindo, com milhares de pessoas nas ruas. Mas estão provocando, já
há bastante tempo, protestos internos em cada um de nós. Nos deixando inquietos,
com o sentimento de revolta, a cada novo fato noticiado. A cada abuso de
autoridade. A cada vez que vemos alguns poucos se beneficiando das riquezas que
todos trabalhamos para produzir. A cada demonstração de impunidade dado por
nossa justiça, e a cada manifestação de desrespeito de uns elegantes bandidos
profissionais, que se mantêm no poder por toda vida, como se as cadeiras da
Câmaras (municipais e federal), Assembleias, Senado e funções executivas fossem
bens de família, vitalício e hereditário (não me venham com o papo de que “é o
povo que elege”, todos sabemos que o sistema eleitoral brasileiro é todo
manipulado por uns poucos que se apoiam no poder monetário, algumas leis feitas
exclusivamente para beneficiá-los, e nos veículos de comunicação, que pertencem
a algumas poucas famílias de deputados e senadores, ou diretamente
comprometidos com esses).
Mas, como estamos
vendo, essas angustias e indignação, que há tempos remoem em nossos intestinos,
estão agora à flor da pele, pois não cabem mais em nós. O que demonstramos
agora já não são mais desejos por mudanças. É a necessidade de que as mudanças
ocorram. E que sejam breves.
Mas não podemos
olhar pra tudo com os velhos olhos que construíram o mundo que temos hoje.
Esses contribuíram, mas é preciso evoluir pra'lém das antigas teorias.
Precisamos, e creio que sejamos capazes.
De forma
imediata, no espaço e no tempo, creio que é nosso dever (do povo) forçar que as
mudanças mais prementes, e imediatas, aconteçam de fato.
Quando se fala
em reforma política, sempre ouviremos que alguns projetos jamais serão
aprovados por nossos congressistas, pois contrariam seus próprios interesses
(leia-se, interesses pessoais). Essa afirmação por si só já é o reconhecimento
que esses senhores são bandidos e que não se preocupam com a população, nem
pretendem agir, espontaneamente, de forma justa e honesta. Então sabemos, por
isso, que projeto de lei de iniciativa popular não resolverá nada, na maioria
dos casos. Mas o grito das ruas nos mostra quem manda, ou deveria mandar nesse
país. Quem deve decidir os rumos da nação é o povo, e não uma meia dúzia que se
preocupa em manter seus domínios e aumentar suas riquezas.
Proponho então
que nós promovamos, já, algumas mudanças. E, como disse, não estou falando em
projeto de lei para ser votado, mas em simplesmente definir algumas alterações
que bote o Brasil no rumo de uma nação mais justa para todos os seus.
Minhas
propostas (aproveitando várias manifestações que estão circulando nas redes, em
forma de protesto), é que se torne norma:
ü Configuração de
“crime hediondo” para a corrupção;
ü Fim,
definitivo, da reeleição para o mesmo cargo;
ü Equiparação do
salário do Presidente da República ao de um professor universitário com título
de doutor;
ü Equiparação do
salário dos deputados federais e senadores ao de um professor universitário com
título de mestre;
ü Os salários dos
governadores e prefeitos serão, no máximo, 80% do salário do Presidente da
República;
ü Os salários dos
deputados estaduais, distritais e dos vereadores, serão, no máximo, 80% do
salário dos deputados federais e senadores;
ü O exercício de
nenhum cargo eleitoral dará direito à aposentadoria, pensão ou outro benefício
semelhante;
ü Ficam extintas
todas as aposentadorias, pensões ou benefícios similares, concedidos
anteriormente em função do exercício de cargo eletivo;
ü Os salários dos
professores dos ensinos básico, fundamental e médio, não serão, em hipótese
alguma, inferior ao salário dos governadores de Estado;
ü Eliminação
completa de auxílio terno, auxílio-moradia, auxílio-transporte, e demais
benefícios abusivos dos quais se beneficiam todos que são eleitos para cargos
públicos;
ü Cada gabinete
de vereador, deputado estadual, federal e senador, terá apenas uma equipe de 3
funcionários, cujos salários não poderão ser acima de quatro (04)
salários-mínimos;
ü As despesas com
as campanhas eleitorais não poderão exceder à soma do salário do cargo em
disputa, vezes o número de meses do mandato;
ü Sendo eleito
para um cargo, não poderá, o político, concorrer em outro processo eleitoral
antes do termino do mandato para o qual foi eleito;
ü Passa a valer,
o texto da PEC 300;
ü Cabe aos
membros do Ministério Público, isoladamente ou em colaboração com as Polícias
Civil e Federal, realizar investigação criminal;
ü Os investimentos
em educação não poderão ficar abaixo de 25% do montante arrecadado pelos
governos Federal, Estaduais e Municipais;
ü As taxas
cobradas de usuários de todo e qualquer serviço essencial, por empresa
concessionária ou permissionária, deverá sempre ser o menor possível, e o
serviço deverá ser oferecido com qualidade que respeite e trate com dignidade
todas as pessoas;
ü Sempre que o
serviço for subsidiado por verba pública, não serão cobradas tarifas da
população para sua utilização;
ü Nenhum cidadão
terá foro privilegiado para julgamento de qualquer natureza. Todos os crimes
obedecerão aos mesmo trâmites e, no caso de o réu ser autoridade pública, será
afastado sem remuneração até o final do processo quando, sendo inocentado
poderá retomar sua função, sem no entanto o recebimento dos meses que esteve
afastado, uma vez que não exercia aquela atividade;
ü
Todas essas
normas passam a valer imediatamente, independente do que rege qualquer
legislação anterior, posto que essa é a vontade da população, e ao povo cabe,
em última e superior instância, a poder indiscutível
de decidir em que modelo de nação se quer viver. E essa decisão somente poderá
ser revogada por manifestações futuras da vontade desse mesmo povo.
Faça-se
conhecer e cumpra-se integralmente.
Claro que às
normas aqui propostas cabe complementação com itens ausentes, ou ajuste nos
presentes. Mas temos ainda alguns meses antes do próximo processo eleitoral
para aprimorá-la e torná-la, de fato, lei.
E, repito, não
estou aqui falando de apresentar projeto de lei para ser votado. Estou falando
de nós, o povo brasileiro, definir que é assim que queremos que nossa nação
seja gerida.
Quanto às
questões ligadas às aposentadorias, citadas nos itens da norma, muitos dirão
que não se pode revogar direito adquiridos. Eu afirmo que o direito concedido
individualmente para uns poucos, não pode levar prejuízo aos direitos
coletivos. E essas aposentadorias, e alhures, são imorais, vergonhosas e uma
afronta à grande maioria da população que luta uma vida inteira por uma
aposentadoria miserável.
Imagino o auge da democracia.
ResponderExcluirAssim como votam nos reality shows, a vontade do povo seria conhecida, e nossos líderes, mesmo a contra-gosto pessoal, teriam que fazer valer essa vontade, pois apenas figuram como representantes.
Seria mais ou menos assim: todas as decisões seriam tomadas a partir da vontade popular (a partir de um número estatisticamente representativo e estratificado) adicionada a isso uma análise científica, feita por um comitê que estudaria, entre outros elementos, a viabilidade ecológica-econômica.
Isso aconteceria até o ponto em que os 'urubus carniceiros' perderiam interesse pelo 'poder', pois o papel do Estado seria apenas o de gestão, absolutamente nada além disso.
O mundo tá perdido mesmo!
ResponderExcluirNaza, primeiro parabéns por dar forma concreta (escrita) aos pensamentos. Isso possibilita que possamos contribuir de forma mais propositiva com o debate. Avaliando todas as propostas elencadas, avalio que salvo uma ou outra, quase tudo passa pela propalada necessidade da "reforma política". Para alcançarmos tal objetivo, temos em principio dois caminhos, 1) pela via constitucional, isto é, aprovada por nossos poderes atuais, em especial o legislativo, coisa que acho difícil, mexer em benesses não é da cultura de nossos políticos. 2) fazer pela via "direta" como vc é um dos defensores. Entretanto, fugir de modelos pré-estabelecidos é muito subjetivo, embora possível. Salvo engano, o que mais se aproxima dessa proposta foi aquilo idealizado pelos anarquistas. Infelizmente este conceito, foi ao longo do tempo, vilipendiado pelas burguesias reinantes, que adjetivaram-o de forma nefasta, "anarquia" retrata ontem e hoje, como bem sabemos, baderna, confronto ao Estado. Em uma democracia direta, que de alguma forma é uma forma de ditadura, seja ela de esquerda ou direita, sabemos como começa mas não como e quando termina e o pior, que grupos sociais vai se associar e beneficiar. A incógnita é a mãe da inovação!
ResponderExcluirEnfim, o "gigante acordou" (não gosto da expressão, visto que temos vários gigantes adormecidos, o Fascismo é um deles!). De minha parte reafirmo, parabéns pela iniciativa. Fica aqui os cumprimentos daquele que lhe conhece e respeita desde os tempos da "baixadinha".
Att. Ary Soares
O gigante acordou e está doidinho, louco para distribuir as riquezas no Brasil, acabar com a concentração de renda, concentração política no congresso nacional, concentração econômica no Estado de São Paulo e poder jurídico no STF.Não era para menos.
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