E
lá estava eu, em pesado silêncio, como haveria mesmo de ser.
Me
olhando em seus olhos, quase te vi.
Aquele
silêncio era recíproco.
O
nó em minha garganta possivelmente quase te sufocava também.
O
peso de algumas horas, e poucas palavras indevidamente repetidas, têm mesmo
força para minar antigas relações, e encurtar caminhos a serem percorridos
juntos.
O
descuido.
Chateações
bobas e algum descontrole etílico.
E
o descuido.
Sempre
houve. Sempre deve haver cuidado.
Afinal
eu me importo.
Afinal
você se importa, eu sei.
Um
pequeno descuido, e o caldo entorna.
Alguns
segundos de distração e acidentes graves acontecem.
Vidas
se perdem por descuido.
Grandes
tesouros passam despercebidos, por descuido.
...
E
agora aquele estridente silêncio.
Ensurdecedor
e pesado, como deveria mesmo ser.
Me
trazendo de volta à realidade.
Prendendo-nos
à Terra.
Nos
fazendo pensar.
Nos
trazendo à tona pra respirar.
E
ao te olhar nos olhos, me vi.
E
ao me ver em você, me acalmei.
E,
aos poucos, o peso se desfez.
E
o silêncio voltou a ser leve, como deve sempre ser.
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