Tirei a poeira dos meus Capézio nº 37. Sim, meus pés calçam 37 (ou 38, dependendo das medidas de alguns fabricantes). Eles estavam bastante empoeirado, quase abandonado. Quase 4 anos sem ser usados. Teve até quem quisesse jogá-los fora, ou encaminhá-lo para doação. Felizmente não cedi. Hoje não teria os sapatos, nem a pessoa, já que aquele relacionamento acabou. Ainda bem que os mantive.
Ele, pobre par de calçado de couro preto, ficou esquecido no último espaço da sapateira. O último ano, após mais uma mudança de arrumação da casa, ele foi protegido por uma caixa de outro sapato qualquer. Mas permaneceu lá, sem ser utilizado.
Mas, eis que finalmente eu recorro a ele novamente. E ao pegá-lo, sou tomado por essa saudade. Lembrança de como gosto de dançar. Dos tempos em que gastava várias sapatilhas 37, lá em Mineiros, nos velhos Bailes do Pavip, festas na quadra do Colégio José de Assis ou festa Junina do Coronel Carrijo. Quase sempre com a boa companhia da amiga, e parceira de dança, Lorena Oliveira.
Quero dançar novamente, e por isso estou resgatando meu Capézio. E, ao resgatar, recupero essa parte de mim, que foi deixada de lado, por tanto tempo.
Gosto de dançar. Não sei (apesar de que, lá no Pavip, eu tinha certeza que dançava muito). Mas gosto. E há uma semana, depois de tanto protelar, retomei as aulas.
Dança de salão, que fique bem claro.
Não, não serão as boas aulas de tango, que animaram meus últimos meses em Mineiros. Aquelas não farei mais. Tango apenas com querida amiga Cynthia, de quem ganhei o par de sapatos de que vos escrevo. E ela está muito distante agora (que fique registrado, ela prosseguiu dançando, aprimorando a técnica e, principalmente, se divertindo muito ao dançar sempre que pode, o tempo todo...). Por enquanto minhas aulas serão de forró e zouk. E, podendo praticar esses dois ritmos, ou mesmo apenas o bom e velho xote, já serei um homem ainda mais feliz.
Confesso, tenho saudades do tango. Tenho saudades da parceira-amiga. Tenho saudade da alegria por cada nova sequência dominada.
Do Pavip, ginásios, salões comunitários de Mineiros, onde sempre havia festas, e onde eu podia dançar meu forró, claro, também tenho saudades.
Até dos “arrastapés” ao som de sanfona, triangulo e zabumba, que aconteciam lá na “Baixadinha”, ou no Cedro, nos meus tempos de criança, esse par de sapatos me lembrou. E olha que isso faz tempo.
Voltei a fazer aula. Pretendo voltar a sair para dançar com certa frequência. E, pretendo fazer isso porque me faz muito bem. Me traz alegria. Acho que funciona para mim, da mesma forma que pedalar funciona para o Neto, Jogar vídeo game para o PH ou tocar guitarra para o Eduardo.
Dançar me faz bem. Eu realmente gosto.
E não faço isso pensando em “pegar mulher”, como alguns caras (alguns amigos meus, inclusive), dizem. Claro que isso pode acontecer, pode até ser facilitado, se eu souber dançar. Mas será muito mais consequência de minha alegria, do que de planejamento prévio. Não é esse o propósito.
A dança pelo prazer da própria dança. É isso que quero recuperar agora. Porque isso também é coisa de homem, e porque é como recuperar parte de mim.
Esse par de sapatos, presente de uma amiga queridíssima, será meu grande aliado nesse importante resgate. Por isso tirá-lo da caixa, e calçá-lo novamente, foi tão significativo.
Dito isto, e já tendo recuperado o fôlego e tomado uma água, o que me diz, dança comigo?
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