Definitivamente precisamos encontrar uma solução. E sei que a solução não vira com uma única medida, ou com uma ação isolada. Estou consciente que serão necessárias várias ações, em um conjunto de medidas bem planejadas e bem coordenadas.
Outra coisa que acredito saber, é que uma solução definitiva passa, não exclusivamente, mas principalmente, pela vontade de população. Somente com uma decisão social é que se pode promover mudanças e transformações sociais. Mas, apesar de acreditar nisso, sei também que, para que as vontades coletivas sejam implementadas, é necessário uma boa liderança. Precisamos então de um líder que seja envolvido com a causa, que seja honesto, corajoso, justo. Que saiba ouvir (quase auscultar) o que diz a comunidade e, principalmente, que tenha princípios que comunguem com as mudanças que se deseja.
Não sei quando encontraremos esse líder. Nem quando transformaremos em ações, a vontade que tanto verbalizamos. O fato é que a situação está muito próximo da insustentabilidade.
E, mesmo não sendo sociólogo, pedagogo, antropólogo, padre, pastor, bispo ou jornalista (espera, jornalista eu sou sim, ganhei no “tapetão” do STF), não consigo ficar totalmente indiferente (ao menos mentalmente). E me permito imaginar minhas humildes contribuições para o grave problema.
Minha última ruminação não quer sair da “ideia” e, para tentar me livrar dela, vou expor aqui. (como diria meu amigo Demervas, “vou falar so pra desocupar a mente”).
Não trago nada de novo. Mas acho que precisamos pensar mesmo sobre as “externalidades” da manutenção de alguns “princípios”.
Bem, imaginem a cena: O viciado chega na farmácia da esquina e, sem rodeios, faz seu pedido. O balconista vai até uma área da farmácia, volta com o produto e entrega ao jovem homem do outro lado do balcão. Na pequena caixa umas figuras e algumas frases lembram, de forma muito chocante, os males que provoca. O jovem pede algumas seringas descartáveis, paga no caixa, e vai para casa com sua dose de cocaína.
Nos veículos de comunicação inúmeras campanhas esclarecendo todas as consequências de se usar tais produtos. De forma aberta, clara. Diria até escancarada. E não como as que (não)se vê hoje.
Nos laboratórios legalizados, produção controlada, com padrão de qualidade definido e fiscalizado pelos órgãos de saúde. Sem adição de substancias que tornem ainda mais letal o que já o é.
Em meu delírio todas as drogas estão envolvidas. Da maconha ao crack.
Venda feita de forma legal, sem armas, sem se esconder, sem o risco de ingerir um monte de outras porcarias que se coloca para fazer volume.
E, sobretudo, sem guerra por controle de bocas, sem fogueteiro, aviãozinho, sem helicópteros sendo derrubado nem jovens armados, por toda parte. Sem policiais ou “paisanos” (inocentes ou bandidos) morrendo por nada.
Com boa campanha, em todas as mídias, acredito que em duas ou três gerações já teríamos reduzido a um percentual, diria, aceitável, o número de usuários.
Sei que isso não resolveria totalmente o problema da violência urbana. Ainda teríamos a enorme desigualdade social, o grande número de pessoas na miséria, a ausência do Estado em várias áreas, a falta de prioridade dedicada à educação e essa corrupção tão presente, que dá até pra sentir fisicamente, nos tocando. Enfim, as causas da violência são várias, e nenhuma se resolve com uma única medida.
E não gosto da idéia de meus sobrinhos, ou minha enteada, irem à farmácia mais próxima e comprar uma “pedra” ou um “pico”. Mas também sei, por experiência própria, inclusive, que a sensação de proibido é um dos maiores, se não o maior, atrativo para os jovens.
E todo mundo sabe que o fato das “bocas” ficarem em locais distantes, perigosos de difícil acesso, não impede que cada vez mais jovens corra riscos para alimentar seus vícios.
Sei que a grande maioria não concorda comigo. Que alguns podem até me censurar, ou ainda, tentar me incriminar. Eu entendo. Até porque, mesmo eu que, estou aqui escrevendo isso, tenho certa resistência.
Mas não estou fazendo apologia ao uso de drogas. Nem estou falando exatamente do uso. Mas o fato de eu falar ou não, em nada interfere no lucrativo mercado ilegal de drogas, que fomenta o mercado ilegal de armas, de carros roubados, de assassinatos. O estado de horror que é presente hoje em várias cidades do país. E acho que se podemos eliminar a indústria do crime, relacionada com algum distúrbio social, devemos considerar sim, fazer isso. O distúrbio (no caso o vício das pessoas) resolvemos depois.
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