Me pego tentando me aperceber de mim.
Tarefa difícil.
Quase impossível
Vivo correndo
Sem tempo
Sem espaço
Sem ânimo,
Sem coragem...
Temos trabalho
demais
Coisas demais
Velocidade demais
Informação demais
Urgência demais
Tudo em demasia
Demasiada superficialidade
Escassa apreciação
Escasso, o prazer
Saudade do tempo
sem pressa
De quando o mundo
era gigante
E o sonho por
conhecê-lo nos fazia sonhadores
De pisar descalço
o chão
Pés e cara suja
Coração e alma
leves
De quando cada ‘agora’
se demora mais
Para ser apreciada
Usufruído
Vivido...
Saudade de viver a
vida
Ser e ter amigos
Sentir abraços
reais, e sem pressa.
Comer fruta em
quintais
Poder errar pela
cidade
De chegar tarde,
às vezes
Poder escolher por
mim
Não estar sempre
apreensivo,
Prestes a perder
um prazo qualquer.
Hoje, mundo
pequeno
Os ‘agoras’ nem
são sentidos
Os dias passam
voado
As pessoas passam
distantes
O tempo não mais
me cabe
O espaço não mais
me cabe
O filho, nascido a
pouco, se foi
O amigo, sempre
distante
Relações fugazes
Na velocidade de tudo mais
Quando se dá
conta, já não é mais
Quando se dá
conta, não mais está
Se um dia pudermos
nos dar conta, veremos que tudo passou
O tempo
As pessoas
As coisas
A vida
Nós...
E, afinal, o que
fizemos?
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