Sou uma
pessoa comum que, como Belchior, conheço meu lugar e, no meu caso, minha
insignificância. Não sou historiador, nem rabino ou pastor evangélico adepto da
teologia da dominação, também não sou exegeta, jornalista ou diplomata. Mas,
mesmo não sendo tudo isso, e uma infinidade de outras coisas, quero manifestar
aqui.
Não
se trata da política interna do Brasil, e meus pensamentos sobre esse tema não
dependem do presidente ou de qualquer outro político. Vou falar do massacre que
está sendo executado por Israel, em Gaza e em toda Palestina.
Sou
uma pessoa definitivamente da paz. Não gosto de conflitos. Não entro em
conflitos e, se por algum motivo me vejo envolvido em algum tipo de disputa, me
esforço de todas as formas, para sair dela. Esse sou eu.
Sempre
condenei o que os nazistas fizeram com os judeus, na Guerra. Nenhum ser humano
pode aceitar aquilo sem se revoltar, se envergonhar e se indignar. A humanidade,
graças aos europeus, tem muitos motivos para se envergonhar, a campanha de
extermínio comandada por Hitler é um deles. Mas, e as lições? Somos incapazes
de aprender com nossa própria história?
Exterminamos
praticamente todos os nativos americanos, da Patagônia ao Alasca, passando pelo
Cerrado e pelos Andes. Exterminamos milhões de africanos, dentro e fora da África.
E, ao que parece, não aprendemos nada sobre humanidade.
Em
pleno 2024 temos várias guerras acontecendo, duas em escala mais notável. Uma
delas, porém, é a mais vergonhosa, cruel e desumana.
Notícias
de guerra sempre me entristece. Mas, assistir os judeus se comportarem
exatamente como os nazistas fizeram, me é incompreensível. Aliás, os judeus não
estão agindo igual aos nazistas. Estão se comportando de maneira muito pior,
mais desumana e mais cruel. E canalha. O comportamento de Netanyahu, do governo
de Israel e do povo judeu, que apoia e se beneficia dessa campanha de
extermínio que já dura décadas, é canalha.
Israel
quer, e ao que parece vai se apossar de todo território do que já foi o estado
da Palestina. Mas Israel não quer correr o risco de futuras insurgências. Não
querem correr o risco de que, em um futuro qualquer, alguém reclame um pedaço
de terra, para refundar uma nação. E, para isso, o melhor é não deixar nenhum
sobrevivente. Assim, à medida que invade e destrói tudo que possa lembrar a
Palestina, Israel vai exterminando os palestinos. Não se trata de uma guerra. É
uma campanha de erradicação completa. E nós estamos assistindo com nossa
passividade criminosa.
E a
canalhice dos judeus se torna mais aguda, sempre que eles usam a memória do
sofrimento que sofreram, para exigir que todas as nações do mundo concordem com
todo tipo de absurdo que eles executam. “nós somos os pobres judeus, podemos
cometer todo tipo de crime, e ninguém pode nos contestar, se não alegamos
antissemitismo”. E ainda temos a cegueira de “cristãos” ao redor do mundo,
que não consegue compreender o mundo na realidade de hoje, e vive acreditando
que ainda está no antigo testamento.
Não
se trata de fé, não tem nada a ver com a bíblia cristã ou com a torá. Se trata
de uma sanha incontrolável por poder e riqueza. E de crueldade. Nada disso tem
a ver com nenhuma divindade. Aliás, o comportamento absurdo dos judeus é a mais
clara manifestação da ideia nietzschiana “humano, demasiado humano”. E
deve ser freado o quanto antes (mesmo já tendo passado de todos os limites
aceitáveis para nosso tempo).
Sim,
os Israel, e todos os judeus são piores que os nazistas pois, tendo sofrido
tudo aquilo, deveriam ter aprendido quão desumano é, e deveria ser o povo mais
fortemente a se posicionar contra qualquer atrocidade parecida. E, apesar de
ter judeus que se dizem contrários à política de Netanyahu, ninguém está
efetivamente, tentando parar o extermínio palestino e, de algum modo, todos os
judeus se sentem beneficiados por essa ação. É enojador reconhecer isso. Vejo
muito mais verdade e humanidade em todos os alemães que, constrangidos, pedem
desculpas pelo que o exercito de Hitler fez, do que em qualquer manifestação de
judeus que tendo passado por aquilo tudo, hoje apoia, ou simplesmente deixa seu
exercito fazer o mesmo, com mais crueldade.
Mas
não se preocupem, não veremos campos de concentração na Palestina. Não
será necessário, pois Israel transformou toda Palestina em um perfeito, e muito
eficiente, campo de extermínio. Não há como fugir. Não tem como escapar. Não
existe refugiados. Estão confinados, condenados.
E, aos
que viram me julgar, perguntando o motivo de eu me manifestar só agora, em meio
à toda repercussão no meio político brasileiro. Ou ainda me perguntarem se eu
apoio os “terroristas” do Hamas. Vou adiantar minhas defesas e meus argumentos.
Assim
como a campanha de extermínio dos palestinos pelos judeus não é como nova
(apenas está em um estágio mais agudo e, que pode ser definitivo), assim também
é minha percepção. Em 04 de novembro 1995 eu, um garoto pobre lá da baixadinha,
chorei ao ser informado da morte de Yitzhak Rabi (em 2011 registrei essa fato
em um texto que pode ser lido aqui: https://deriva-pi.blogspot.com/2011/08/sobre-mortes-e-disturbios.html).
E sempre disse o que penso desse avanço cruel. Se buscar, poderemos encontrar
registros de várias outras manifestações minhas sobre esse tema. Vários de
antes desse atual capítulo, aliás.
Quanto
ao Hamas, como disse, sou da paz. Mas em algumas situações é necessário lutar.
Eu não tive oportunidade de me juntar aos homens e mulheres que lutaram contra
a ditadura brasileira. Mas sou grato a todos que lutaram, especialmente aos que
morreram para que não perdêssemos a noção de liberdade e democracia. Sim, eu
apoio a memória da ALN, VPR, MR-8, VAR-Palmares e todos os demais grupos que tiveram
coragem de enfrentar o braço de chumbo da ditadura. Considero válida ações como
o sequestro do embaixador americano. Eu teria participado, se tivesse tido
oportunidade e condições. Da mesma forma, honro a memória do levante de
Varsóvia, e a coragem dos que preferiram morrer lutando. Ora, a ocupação
criminosa do território palestino, por Israel vem acontecendo desde a criação
do próprio Estado de Israel, com os judeus matando, humilhando, subjugando e
desumanizando os palestinos. Eles precisam se defender. Nem todos vão pegar em
armas, mas alguns terão coragem e condições. Antes foi a OLP, com a qual eu
sempre fui simpático. Mas o tempo do Arafat passou, o massacre continuou e se
aprofundou. Estranho seria não aparecer nenhum grupo de pessoas dispostas a
enfrentar um inimigo tão cruel. Às vezes esses grupos usam as mesmas armas e os
mesmos modos que seu opressor. Aí são chamados de “terroristas”. Mas a semântica
sempre vai depender de que lado está o gatilho e qual peito é dilacerado.