Vou tirar meus sapatos e vestir uma velha bermuda
Quero novamente sentir a terra macia sob meus pés descalços e me sentar no chão sem me preocupar se estou sujando o linho do meu terno ou o caro jeans que é chique por já ter vindo rasgado de fábrica.
Quero me livrar de toda proteção que me tira a sensibilidade, e me distancia das pessoas e das coisas reais.
Quero subir em árvores, como fazia quando era criança.
Lambuzar a cara de amarelo, daquela manga comum amassada e deliciosamente meio sem graça.
Quero correr na grama, não nessas de parque, mas naquelas de pastagens maus cuidada, onde se encontra facilmente alguns pés de araçá ou de maminha cadela.
Chega de cimento asfalto e concreto.
Quero encontrar um terreno baldio, fincar algumas varas, ou ajeitar algumas pedras e, com uma bola de plástico, ou de “capotão”, jogar pelada a tarde toda. Me queimar de sol com prazer.
Perder a hora, não no computador ou em chatas reuniões, mas em gostosas brincadeiras.
Jogar guerra bandeira, marcadas com nossas camisetas ou com sacolas plásticas. E bete, com ripas lascadas e bola de meia.
Quem sabe encontre um riacho onde possa mergulhar o corpo, que já estará mais refeito que agora.
Com sorte, no início da noite, a garotada resolva brincar de “caí no poço...” e com mais sorte, eu saia com a menina mais bonita da rua, e escolha “salada mista”. Se acontecer, ficarei pensando nisso o resto da semana, com aquela cara meio boba. Mas se não sair com ela, ou não escolher, não será ruim. Afinal estarei feliz.
Quero esquecer, ainda que por um tempo curto, meu e-mail as janelas e nuvens que não existem.
Quero sentir o vento no rosto e, se houver nuvens, quero descobrir todas as formas que sempre existem.
Se a chuva cair, não vou me proteger. Ao contrário, quero lavar minha alma, encharcar meu espírito de liberdade e tirar o “macuco” da frieza que chamamos hoje de civilidade e bons modos.
Quero ouvir estórias de assombração, quando for escuro, só pra ter que ficar todo mundo junto, quando for me deitar. E assim prolongar a diversão.
Quero fechar os olhos e fazer minha oração, com aquela fé que já tive e que, há muito, troquei por certezas e dúvidas lógicas que não explicam a alegria ou a tristeza, muito menos a coragem que eu tinha quando orava daquela forma, pois sabia que Deus me pegava nos braços.
Uma vez mais quero brincar tranquilo na rua.
Confiar nas pessoas.
Até o medo daquele homem misterioso, com barba longa e grande saco nas costas, quero voltar a sentir.
Rir de coisas bobas.
Preparar pipas.
Ser cantor, tocando as violas feitas com latas, ripas e as multicoloridas linhas de pescar.
Enfim, quero gargalhar à toa. Me sujar na lama. Esfolar o joelho e arrancar a casquinha, quando ela se formar.
Acordar cedo sem motivo. Roubar goiaba e mexerica da vizinha, que so brigava por hábito, pois gostava de ver a gurizada em seu quintal.
Não, não estou sendo saudosista. Ao menos não apenas.
Só quero reviver coisas e sensações agradáveis, rever pessoas queridas e voltar a lugares por onde brincava, nos tempo da cara suja. Acho que merecemos isso. Na verdade acho que estamos precisando.
Quem sabe assim consigamos recuperar a sensibilidade que nos fazia enxergar, a criatividades que nos mostrava caminhos, a curiosidade que nos fazia aventurar, a fé que nos fazia invencíveis, a honestidade que nos tornava confiáveis, a tolerância que nos permitia aceitar e a alegria que nos fazia queridos de verdade.
Enfim, talvez sejamos capaz de recuperar a humanidade que deixamos de lado para nos tornar adultos. Regurgitar minha lótus e deixá-la florescer.
E, quando eu voltar, mandarei lembranças para todos os seus.
O que ontem eu queria dizer, e que eu acabei por dizer no meu blog é que toda vez que vc fala disso por acaso eu não estou bem. É sempre em um momento que eu quero desistir de tudo, mas eu sempre quero desistir de tudo. Ir correr, alias voar atras da felicidade, como não sei onde ela esta, o jeito é sair procurando em todos os lugares.
ResponderExcluirOrdenando as coisas que tem que fazer para que tudo dê certo... Veja no meu blog