16 de fev. de 2019

Despedida


Vestiu-se de simplicidade
Esboçou um sorriso irônico e divertido
            Como quem curte o momento
            Como quem curte com a gente
Ele gelado,
Minha alma vazia.
Ao longo das horas, poucas lágrimas caíram.
Dor
Tristeza
Alívio
Arrependimento
            E os sentimentos afloram,
Misturam
Se fundem.
Confundem.
Gritamos no silêncio
Nos calamos nos ruídos.

Ele, elegante
Simples
Irônico
Gelado...
Permaneceu indiferente ao burburinho
Não se moveu, mas enchia o ambiente.
Não falou, mas foi ouvido como nunca.
Estava ali, mas era a maior ausência.

Ele, sereno, impassível.
Eu, inquieto, não preguei os olhos
Aproveitei cada segundo das últimas horas.
Eu, filho tantas vezes ausente,
Nessa noite não arredei pé.
Nem ele.

Simples,
elegante
E com sorriso irônico.
Foi assim que, na noite entre os dias 13 e 14 de fevereiro de 2019
Seu Durvalino, meu pai
Se reuniu pela última vez com os seus.
Ouviu declarações,
Choro,
Devaneios,
Pirações.
Deu a todos nós mais uma chance.
A última, intempestiva.
Sem pressa e sem reação, ouviu.

Pela manhã, às 10
Embarcou em sua viagem
Sem mala
Sem bens
Sem riqueza nem pobreza
Escala? talvez, quem sabe?
E, para nossa dor, alívio, arrependimento, vazio (...)
Definitivamente sem volta.

Siga em paz, seu Durvalino
Muito obrigado...