15 de jul. de 2018

Quero brincar de ser eu mesmo
não quero mais essa fantasia
essa máscara
esse disfarce
Quero poder me assumir
Dizer o que sinto
falar o que penso
chorar minha dor
rir minhas alegrias
cantar, quando sentir vontade
e dançar, se assim eu quiser
        e onde quiser...
Chega.
Não vou mais concordar só por conveniência
Nem vou rir pra disfarçar
Não vou comprar pra ser aceito
nem rebolar, pra não ficar “por fora”
Já deu
quero ser autêntico
completo
inteiro
de verdade
enfim,
Deixem apenas que eu seja eu...


Beijo uma lembrança
como quem agarra com força uma ponta de esperança
suspiro lento
soluço profundo
O passado bem aqui, no presente,
querendo determinar a direção futura
O frio do abraço ausente
um perfume na memória
uma estrofe cantarolada
flores de outras primaveras
colorindo esse outono cinza
Sem chuva, pra se misturar
a lágrima caí ruidosa
Faz barulho, o silêncio
me sufoca essa ausência
me aprisiona, tanto espaço.
Beijo uma lembrança
e tento ir à tona
emergir
tomar pé
respirar
enxergar o horizonte
            me encontrar
Lavo os pés com a chuva que não cai
Fito marcas dos passos deixados no caminho
vejo a última curva que escolhi
vejo onde cada um se foi
Onde me perdi da criança
da fantasia
do sonho
do amor
da esperança...
Tantos passos/dias me separando de ser feliz
Por isso beijo uma lembrança
enquanto me banho na chuva que derramo aqui

Caiu novamente a noite
Fria e escura noite
Assim como cai a vida
Lentamente cai
escorre por entre os dedos
escapa de nossas mãos
esvai a cada instante
esvaziando a ampulheta
Contamos como acúmulo
o que já não temos mais.
Em nova segunda-feira
renasce as esperanças
nos lembrando dos meses já passados
dos compromissos assumidos
de projetos não realizados
dos sonhos abandonados.
Do tanto que descartei de mim
Das camadas, artificiais, que vesti
De tudo que não fui
         e finjo não ser.
E novamente a noite cai.
Fria e escura, como devem ser as noites
Cheias de brilho como deveriam ser as noites
         e não deveriam a fantasia que usamos.
Outra noite
mais um dia vivido (acredita-se)
mais uma semana
nova chance
outro recomeço
novas oportunidades...

E amanhã, para a maioria de nós
por falta de coragem
         ou se consciência,
a vida seguirá com a mediocridade de ontem.
E seguiremos somando os dias que já não temos
pois fingir acumular o que não possuímos
é o que fazemos de melhor...