"15/08/2010 às
16:43... O pedido mais surpreso, e a resposta corajosa.
Elas não concordavam em
quase nada, e sempre se buscavam no olhar, quando o tato não era permitido. Mas
de uma coisa tinham certeza, eram loucas uma pela outra, e isso as
diferenciavam em meio a todos!"
O texto acima me chega
como mensagem sms logo na manhã hoje, 15/08/2013. Uma amiga dividindo comigo o
que minha limitada percepção mostra ser um turbilhão de sentimentos.
Ela ama, quanto a isso
não resta dúvida. Mas hoje não haveria jantar para comemorar o terceiro ano
juntas.
Existe nela a dor pelos
desencontros que as afastaram seus caminhos. Há uma ponta de tristeza. Aquela
que sentimos por não estar ao lado de quem amamos. Mas há também a alegria pela
certeza do amor que ainda existe. E existe não apenas nela. É outra certeza.
Nem sempre somos fortes
o bastante para seguirmos o caminho que acreditamos ser o melhor pra nós. Por
vezes somos levados a crer que o melhor é ceder ao que esperam de nós, em
detrimento dos nossos próprios sonhos e desejos e, enquanto nos moldamos
conforme opiniões que não são nossas, vamos nos perdendo. Deixando morrer
nossos sonhos, nos distanciando dos sonhos que tínhamos quando crianças, dos
amores que vimos nascer pura e simplesmente, e que temos certeza nos tornariam
pessoas melhores e felizes...
É, aqui estou eu,
falando novamente sobre sentimentos sonhos distantes e amores não vividos. Tantas
já foram as vezes em que esses temas estiveram presentes em minhas divagações.
Sejam nas deliciosas conversas com a amiga Lidi, em pequenos poemas ou apenas
compartilhando minhas próprias idiossincrasias. Certamente essa não será a
última vez que variações desse tema estarão presentes aqui. Afinal, vivemos em
uma busca permanente e, ao que parece, infinita, por alcançar objetivos que nem
sabemos ao certo se são reais.
Agora quero me ater ao
que me remete a mensagem dessa minha amiga. Estou falando de como enxergamos, e
nos relacionamos com o amor que sentimos por alguém. E com ser forte, ou não, e
como a opção por uma ou outra dessas alternativas afeta tão drasticamente
nossas vidas.
Todos já sabemos que é o
caminhar que realmente é/será apreciado, e não o destino propriamente. Toda
vida é uma viagem. E os caminhos se alternam o tempo todo, em cada escolha que
fazemos. Controlamos a escolha, não as consequências.
Vivemos em um mundo de
valores confusos, onde é muito fácil confundir humildade com fraqueza. E onde
somos lavados a acreditar que é a felicidade de quem está ao nosso redor é a
única que importa. Onde buscar própria felicidade às vezes é entendido como
egoísmo.
Valores confusos, eu
disse. O próprio conceito de felicidade se perdeu de nós, ou nunca foi
verdadeiramente solidificado. Sobretudo nas sociedades ocidentais modernas.
Na velocidade das
relações virtuais, não conseguimos tempo para perceber que eu só consigo contribuir para a felicidade do mundo, se eu mesmo
for, e tiver plena consciência desse fato.
Veja que estou falando
de felicidade, e não de alegria. Alegrias são circunstanciais e fugazes.
Felicidades, quando percebida, é perene.
E, pessoalmente
acredito, e sempre digo, que nossa
principal missão na vida é sermos felizes.
Dessa forma, tanto
aquele que impede outra pessoa de trilhar os caminhos que acompanham seus
sonhos, e viver seus desejos, quanto quem é tolhido serão incompletos,
amputados. Infelizes. Então, ao que tem poder para influenciar na vida de
outras pessoas, devem estimular a liberdade, a busca de suas "lendas
pessoais". E não prendê-los em alguma corrente, física ou mental. Quem se
sente oprimido deve manter-se forte para não deixar morrer seus próprios
sonhos. E devemos nos lembrar sempre que, mesmo não gostando, aquilo que me
realiza pode ser besteira para quem está ao meu lado. E aquilo que eu não
valorizo, pode ser a realização de uma vida, para quem cresce comigo. E que
todos somos iguais em uma coisa: cada um tem suas individualidades, mesmo com o
esforço do sistema em nos tornar autômatos padronizados, e as diferenças devem
ser mantidas e respeitadas.
Outro ponto confuso em
nós, e a relação que cada um tem com o amor que sente. Quer seja por outras
pessoas, quer seja por si mesmo.
Confundimos sexo com
amor. Confundimos Eros com Ágape, e estes com psique. E tudo é pragmático. Não
cabe aqui uma discussão demorada. Vou me ater a um ponto que acho fundamental.
Quando amamos alguém, ou
julgamos amar, cometemos alguns erros que contribuem grandemente para a
falência das relações. Por algum motivo que ainda não entendi, acreditamos que
o outro pode, e deve, perceber meu amor da mesma forma que eu.
Ora, sentimentos são
pessoais. Eu amo, eu sinto. Querer que a "pessoa amada" receba meus
sentimentos é esperar o impossível.
A pessoa pode me ouvir
dizer quanto eu a amo. Pode perceber meus gestos, e se beneficiar, ou se
prejudicar, com as consequências deles. Pode acreditar e valorizar o que eu
tento manifestar. Mas ela não pode sentir. Assim como você não pode sentir o
amor que alguém tem por você.
Você goste ou não, o
amor que você sente é, na verdade, só seu. Só você pode, de fato, senti-lo.
E, se sou eu mesmo quem
pode sentir o amor que eu tenho, então é a mim que esse amor pode,
definitivamente, transformar. Sou eu que me torno melhor por amar alguém. Será
a minha própria felicidade que meu amor fortalecerá, primeiro e principalmente.
Estou dizendo que sou eu
mesmo, influenciado pelo amor que eu sinto, que modifico a mim e a minha vida.
Quando eu mudo, o mundo muda, sobretudo o mundo das pessoas que compartilham do
meu mundo.
Roberto Carlos brilhantemente
cantou "Vem, que a sede de te amar me faz melhor. Eu quero amanhecer ao
seu redor, preciso tanto me fazer feliz...".
Quando cada um de nós entender, e aceitar essa
verdade, nos relacionaremos bem melhor com nossos próprios sentimentos, e com
as pessoas que os despertam em nós. E, assim, seremos, todos nós, mais felizes.
Finalizo essa minha
divagação com outro sms. Um que enviei para essa lindíssima amiga, em resposta
a outro dela, sobre essa parte bonita de sua vida.
"Ah querida, eu sei
bem que às vezes a grande demonstração de força está no ato de recuar.
Que evitar os combates
nem sempre é fraqueza ou covardia, mas sabedoria.
Sei também que, para
enxergar, e aceitar, as próprias limitações, requer mais força e coragem do que
para bancar o valente.
A vida não é fácil,
minha querida, e não vem com manual de instrução, nem guia. Cabe a nós
descobrir nossos caminhos e nos manter firmes nele.
sabendo que não será
fácil, ao menos não o tempo todo. E não podemos nos esquecer que tristeza não é
infelicidade. E às vezes são exatamente as cicatrizes que nos tornam mais fortes
e belos."
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