Junho está chegando.
E o mundo novamente se
voltará para o Rio, em mais uma conferência internacional.
Novamente lideres (?)
de vários países se reunirão para discutir os destinos do planeta, nossos
destinos, então.
Voltará à tona todas
as variações do tema “sustentabilidade”.
Desde que Gro Harlem Brudtland chefiou a
elaboração do documento conhecido como “Nosso
Futuro Comum”, que esse conceito vem crescendo entre nós até que, ali
mesmo, na cidade maravilhosa, em 1992 ele se fortaleceu e ganhou o mundo. Todo
programa de entrevista, toda novela, em toda sala de aula, todos os jornais,
blogs, campanha eleitoral de todo e qualquer candidato passou a fazer claras
referências ao conceito salvador.
Certificação
ambiental. Selo verde. Empresa amiga do meio ambiente...
E o mercado tão
rapidamente, como sempre, se adaptou aos novos tempos.
O mercado sim. Nós,
seres humanos, nem tanto.
O conceito de
sustentabilidade surgiu, e se fortaleceu, tendo como tendo como suporte básico
a idéia de que, para ser sustentável o desenvolvimento deve ser economicamente
viável, socialmente justo e ambientalmente correto. Houve alterações na
composição desse sustentáculo, que deixou de ser um tripé e acolheu, ou está
acolhendo, novos princípios. Já se admite como necessidade de ser culturalmente
diverso, para que um projeto seja sustentável. Leonardo Boff, como uma das
mentes mais inquietas e responsáveis desse nosso país, nesse nosso tempo de
incertezas, tem nos chamado, constantemente à reflexão sobre a necessidade de
melhorar nosso modelo de desenvolvimento. Acredito que todas as pessoas com o
mínimo de juízo concordam com ele.
Eu não só concordo
como tenho procurado manifestar minhas opiniões, preocupações, aprendizados,
alegrias e angustias.
Hoje quero me ater à
base de sustentação básico da “idéia” de sustentabilidade. Mais precisamente,
quero falar, novamente, do que chamo de erro.
Veja você, caro
leitor, que para uma iniciativa para ser sustentável precisar ser economicamente viável, ambientalmente
correto, socialmente justo e culturalmente diverso (já incorporando um
quarto pilar). Ora, os conceitos parecem bastante claros, certo? Mesmo assim
uma discussão sobre as possíveis definições de diverso, justo, correto e
viável, por certo renderia horas, longos artigos e opiniões divergentes.
Não vou entrar por
essa porta. Não agora.
Como não tenho o dia
todo, e sei que a maioria de vocês não tem saco pra longos textos chatos, vou
direto ao ponto. E o ponto é o “princípio” Economicamente
viável. Como disse, não vou discutir os conceitos de viabilidade econômica.
Não por não ser capacitado (na verdade não sou mesmo), mas por achar que é aí
que reside o grande erro da minha geração, e da geração que antecedeu a minha
(espero que seja corrigido o mais rápido possível).
Ao definir o que é
sustentabilidade nós fizemos um grande esforço para adaptar alguns processos
produtivos, mudamos alguns conceitos relacionados ao consumo, buscamos
desenvolver formas alternativas de geração de energia. Enfim, avançamos em
diversas áreas. Aí encontramos algumas boas iniciativas. O problema é que tudo
continua sendo pensado, planejado e efetivado dentro do mesmo velho sistema.
Quando dizemos economicamente viável estamos, fatalmente, fazendo referencia ao
monstro gigante e insaciável que é o capitalismo.
Tudo bem, eu não sou
economista, cientista político, cartunista, não sou discípulo de Marx ou Smith,
não sou amigo de bicheiro, senador corrupto, voyeur (isso não vem ao caso, é
capaz até que isso eu seja), não grande empresário rural nem inveterado boêmio
urbano (pra isso eu também tenho potencial). Nem jornalista barato eu sou, por
pura falta do diploma de jornalismo. Mesmo com toda essa ausência de
credenciais eu me permito observar o mundo ao meu redor, e a ter opiniões sobre
o que acontece. Sobretudo sobre o que interfere diretamente em minha vida. E,
apesar de todo esforço de algumas pessoas e organizações, apesar da quebra de
alguns paradigmas, apesar de das conferências e protocolos, não chegaremos a um
modelo de desenvolvimento sustentável, de fato, enquanto continuarmos não
formos capazes de romper com o capitalismo.
É necessário que
paremos de negligenciar a enorme crise que está aí (talvez a maior delas), e
que não é uma crise de uma só face. É a enorme crise do capitalismo que
agoniza, somada à crise moral e de caráter que atravessamos, e à crise de
relação entre nós, humanos (os parasitas) com nosso generoso hospedeiro, a
Terra (Mudamos nosso comportamento ou seremos extirpados como se retirar um
tumor). Todas essas crises, com seus milhares de conflitos internos e
implicações, inter-relacionadas, é que compõem o cenário que nossos governantes
e os grandes capitalistas estão se esforçando para disfarçar e nós, pobres
mortais, nos esforçamos para fazer de conta que não enxergamos.
Ao acontecer nesse
momento histórico, a Rio +20 nos que nos oferece a grande oportunidade pensar o
mundo diferente do que temos feito. Não há justiça, correção ou diversidade
viável dentro do atual sistema.
Que os acontecimentos
e decisões tomados entre os dias 13 e 22 de junho mude o mundo, de verdade e de
modo positivo.
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