A noite chegou.
Resolvida a não ficar sozinha, ela tomou um banho demorado, passou creme em todo corpo. Lindo, que fique bem claro. Perfumou-se e, como toda mulher, ficou um tempo parada de frente para o roupeiro aberto, antes de decidir o que vestiria.
Fantasiou-se de cowgirl com micro short jeans, desfiado, bustiê branco, com rendas (desses que destacam e valorizam seus belos seios). Por cima, uma camisa “aflanelada” com listras em tons avermelhados, amarrada na cintura com todos os botões abertos. Nos pés uma bota de couro marrom, indo até quase o joelho.
Fatalmente linda, com as belíssimas coxas grossas e bem torneadas totalmente à mostra.
Ficou, como as mulheres dizem, “pronta pra arrasar”.
Nessa noite seria loira. Lhe pareceu mais fatal.
Saiu assim.
Entrou em um estabelecimento pouco conhecido. Acomodou-se e se pôs a observar quem estava ali.
Viu toda sorte de gente.
Viu garotas flertando com garotas. Senhores paquerando garotos. Reconheceu homens e mulheres casados, que buscavam aventura em outras companhias. E pessoas solitárias como ela mesma, que estavam em busca de se encontrarem.
Não demorou e foi abordada por vários cavalheiros. Alguns nem tão gentleman assim.
Cantadas várias. Ela se animou com o assédio. Mas se manteve cautelosa.
Riu com alguns. Descartou logo, os mais afoitos. Aos casados, sequer deu oportunidade de se aproximarem. E, com os que lhe foram mais agradáveis, quis conversar por mais tempo.
Sentiu falsidades na maioria. Mas em alguns havia muito de verdade. Alguns traziam muito de dor e amargura.
Ela tentou ser solidária. Tentou usar palavras certas, com cada um.
O jovem advogado, depois de ouvir algumas palavras, saiu animado. E foi resolver o que o estava deixando infeliz.
O empresário solteiro, entendeu que não seria ali que encontraria o que buscava. Agradeceu a companhia, e foi em busca de sua namorada.
O garoto que tentava se passar por uma pessoa mais velha, viu o erro que cometia, pediu desculpas por tentar enganá-la, sentiu vergonha de si mesmo. E foi em busca de sua turma.
Ela permaneceu por mais algum tempo ali. Na companhia de todos, e de ninguém. Até que um jovem sério, a convenceu.
O convite foi aceito, e eles se dirigiram um dos aposentos reservados.
Ela se soltou. O jovem proporcionou isso.
Despiram-se sem pressa. Toques suaves se alternaram com fortes pegadas. Os dois se permitiram tudo que se pode desejar de um encontro assim.
Deixaram de lado todo pudor que às vezes se faz presente na mente das pessoas, e se lambuzaram mesmo.
Seus corpos, e palavras penetraram o outro em todas as vias possíveis. Nem saliva, nem dentes, nem pele ou mucosa. Nada era limite. Apenas as descargas elétricas que por alguns segundos deixam os corpos anestesiados e sem controle, poderiam limitar as loucas acrobacias.
Vários orgasmos.
Ambos totalmente satisfeitos, se deixaram cair. Entre suspiros, risos com ar safado e tentativas de expressar em palavras o que sentiam, eles ficaram se olhando por alguns minutos.
Aos poucos ela se recompôs. Deu o último beijo no jovem sério. E saiu.
Sequer vestiu novamente sua fantasia de cowgirl. Apenas saiu.
Já fora dali, ela desligou o som. Desligou o sistema, tentou imaginar o verdadeiro rosto da pessoa que a tinha sido pretexto para mais uma masturbação solitária. Desligou o monitor, tirou o velho moletom surrado que usava, tomou um banho e foi dormir, com o corpo ainda meio anestesiado (corpo verdadeiramente belo, que fique bem claro), mas ainda cheio de vazio.
Um vazio que nenhuma sala de bate-papo consegue preencher.
No mundo real não existe o mundo virtual.
ResponderExcluirCowgirl, pobre coitada, foi enganada por si mesma!
Vá entender as mulheres.
Já dizia Woody Allen: "não critique a masturbação. é amor com alguém que você ama". Mas isso não quer dizer que ela preencha algo na vida também.
ResponderExcluirO mundo em que Vivemos é o mundo que criamos, nada mais do que isso, vivemos de acordo com a nossa vontade, todos tem o seu mundo particular, o meu está criado... o Demônio chamado "medo" que destroi alguns mundos.
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