31 de mai. de 2010
Homosex-social
27 de mai. de 2010
Doce ilusão
Mascarados
Para quando eu me for...
Quando eu me tornar pó, enfim.
Faça-me um favor,
Plante uma roseira em mim!
20 de mai. de 2010
Ja que a Copa vem aí, uma volta à 1994 - Da Série Pequenos contos...
O Melhor do Tetra
O Sol da tarde ardia forte. Sentado na barranca do riacho, com os pés dentro d’água ele parecia pescar.
Estava ali a mais de duas horas segurando a vara, com o anzol submerso. Prestava pouca atenção na pescaria. Era mais interessante olhar a paisagem a sua volta.
Uma mata pequena, o “próprio” riacho, que ele julgava ter as águas mais cristalinas do mundo inteiro, sua pequena roça, que agora era de feijão, uma grande horta, o quintal com vários “pés de fruta”, com pouco de cada, mas muitas variedades. Mais acima sua casa, um rancho de pau-a-pique coberto de palha e com quatro “cômodos” apenas, mas que pra ele era um castelo.
Morava ali há quase vinte anos e, todas as vezes que via esse quadro sentia uma grande onda de felicidade e satisfação.
Sua distraída concentração foi quebrada pela voz de seu filho de oito anos. Único filho.
– “a mãe mandô falá que já vai cumeçá”, disse o garoto e, no mesmo instante, voltou a brincar com brinquedos feitos ali mesmo. Troncos de madeira, corda, arame, papel.... Nada de eletrônicos que brincam sozinhos. O garoto tinha saúde, amor, boa alimentação, estudava na escola da fazenda vizinha e era livre.
O moço olhava o filho brincar e quase não era suficiente para caber todo orgulho de si mesmo, da família, da pequena porção de terra onde vivia (adquirida com muito trabalho) e do seu país, o Brasil.
Ele era muito feliz e chorou sorrindo. Faria daquele garoto senão um doutor, pelo menos um grande homem, pra engrandecer ainda mais sua gente.
Passou água no rosto, recolheu o anzol e pegou o “jiqui” com os peixes que havia pescado. Ele sorriu e seguiu em direção a casa. No quintal apanhou um punhado de milho para pipocas, que secava. Entrou, pediu pra esposa “tratar” do peixe, e foi estourar as pipocas. Depois de prontas, pegou um copo com aguardente, sentou-se à mesa rústica, de madeira e aumentou o volume do rádio à pilha que já estava ligado.
– “Rola a pelota aqui nos Estados Unidos da América”, disse o locutor antes que ele se ajeitasse direito no tamborete de três pés.
Era dia 17 de julho de 1994, domingo, 5:00 horas da tarde. O mundo estava voltado pros EUA, pra final da Copa 94 de Futebol. O nosso futebol, apesar da copa ser lá. No gramado, dois dos países mais tradicionais neste esporte, Brasil e Itália.
O moço vibrava a cada lance narrado com mais empolgação pelo locutor. Ficou nervoso, bateu na mesa, comeu pipocas e tomou cachaça. Já ia pedindo pra que Deus ajudasse o Brasil ganhar quando, apoiado em sua humildade e total ausência de egoísmo, se lembrou que o Deus que o havia criado é o mesmo que criou os italianos e, por isso não “empurraria” nenhum lado.
A cada minuto ele ficava mais tenso e mais relaxado. Adquiria mais confiança e medo.
Em meio a tanta agitação ela tentava imaginar como seria a Itália. Como os italianos eram e falavam.
- “será que eles tamém bebe pinga?”, pensou.
Apesar dos seus quarenta e oito anos e fartos conhecimentos acerca de tudo que diz respeito à terra, e à produção agrícola, Sebastião Oliveira nada conhecia sobre geografia e a divisão política mundial. Nunca freqüentou uma escola e, o mais distante que foi de, onde nasceu era a casa onde estava morando (8 léguas). O único estrangeiro que conhecia era o Japonês Hiroshito, “Seu xito”. Famoso na região por sua produção de legumes.
O tempo ia passando lentamente e o “sofrimento” parecia não ter fim. O tal gol, teimoso, não saia.
Terminou o tempo normal. Terminou a prorrogação. Terminou as pipocas e o Sol se pôs. Ia ser pior ainda.
Quanta vibração e decepção com os pênaltis perdidos. A cada nova cobrança prendia a respiração. Sua esposa lhe trouxe o jantar. Arroz, feijão, salada e peixe frito. Tudo produção própria. Ele não comeu. Esperaria o final sem perder um lance.
Já era noite quando o “melhor jogador do mundo” se preparou.
Ele torceu.
O craque errou.
O pequeno barraco não coube aquele homem que, mesmo sem saber o tamanho do mundo, nem mesmo do Brasil, mesmo sem conhecer política, geografia ou economia ou mesmo futebol (não torcia pra clube algum), vibrou com tanta intensidade, abraçou a esposa e o filho. Pulou, gritou, sorriu e, mesmo crendo na imparcialidade Dele, agradeceu a Deus.
Tomou banho, jantou, sentou-se no “terreiro” e contemplou a beleza da noite, com suas sombras e sons e as estrelas. Sempre com muita fé e humildade, voltou a agradecer ao Criador por seu país ter conseguido mais essa vitória. Orou pedindo paz e pão para o povo de seu país, e para todos os povos da Terra.
O orgulho de ser brasileiro no peito deste homem não é de agora, nem tem no futebol sua causa maior. Ele sempre teve esse orgulho e a causa era bem mais simples: ele é brasileiro, e pra ele este era o melhor país do mundo. Em tudo, e sempre.
Ele brincou com o filho e beijou-lhe o rosto. Beijou sua esposa e fizeram amor, como sempre faziam, com muito amor.
Falaram do dia, dos porquinhos que nasceram, da nova roseira que desabrochava e de outras coisas corriqueiras, como estas. Quando estavam quase dormindo se falaram, como em todas as noites dos últimos 27 anos, a frase mais bonita que ambos conheciam, mas falaram e falam, não por ser bonita, mas por ser a que mais se aproxima (embora seja de longe) de seus sentimentos. Disseram um ao outro – “eu te amo”, e dormiram felizes, como sempre dormiam.
Segunda-feira, 18 de julho de 1994, após as 6 da manhã qualquer pessoa que passar por ali verá a cena mais comum da região. Verá um garoto brincando com brinquedos simples, uma mulher cuidando da casa ou da horta (no campo os afazeres domésticos são maiores), e um homem na árdua lida com a terra.
Eles trabalham muito, mesmo assim o cansaço é sempre menor que a alegria. Muito do pouco que produzem é vendido na feira livre do vilarejo mais próximo, e nada os satisfazem mais que a sensação de estar ajudando a matar a fome de sua gente.
Quem olhar verá que tem pele bronzeada, corpo suado, cuidado com a natureza e sentimento nobre neste povo, que não é apenas “tetra”, mas sim, eternos campeões.
12 de mai. de 2010
Entre poemas, sonhos, verdades e desejos crescemos e construirmos nossa história...
Nem todo mundo é Alice, Dorothy, Sofia ou Pollyanna.
O “País das Maravilhas” só existe em sonhos, e “Oz” se perdeu em nós.
Nossas filosofias também se perderam.
E o “jogo do contente”, com quem ainda funciona?
Mas nossas buscas continuam. E continuarão para sempre. É a única forma de nos mantermos vivos. Buscando.
E haveremos de ampliar os horizontes.
Haveremos, também, de aprender a satisfazer-nos a cada nova conquista e a valorizar cada passo que dermos.
Os velhos amigos devem ser mantidos.
E os amores? Os amores não morrem jamais (por mais que tentem nos convencer do contrário). Apenas devem ser colocados em algum ponto de nós, de onde não nos incomode, e ainda nos sirvam de inspiração e motivação para prosseguir na jornada.
Sim, compreendi que poesias e verdades não substituem certos sonhos ou traços de vontades pretéritas. E sei que so o tempo nos faz valorizar coisas que agora nos são presentes.
E, por ser “apenas um rapaz latino americano” meus poemas jamais serão Haikais. Não há nada em mim de oriental, exceto a calma.
Mas haveremos de crescer. E nossos valores haverão de se tornarem mais sólidos, e mais próximos do que espera de nós, O Bom e Velho Nazareno. Não esse que escreve aqui, mas Aquele, de quem tento ser simples aprendiz.
Chegará o dia em que liberdade não será mais confundida com descuido, ou falta de amor. Um dia onde não haverá mais mangás, nem cavalinhos. Então só nos restará a poesia sincera que existe em nós, toda verdade que tivermos cultivado e o aconchego carinhoso e paciente de quem tivermos sido capazes de manter conosco ao longo de nossas vidas.
Nesse ponto espero que tenhamos, todos nós, a gostosa sensação do dever cumprido, sempre que olharmos para os passos que deixamos pelo caminho. E que, tanto nós, quanto nossos filhos, sintamos orgulho de tudo que tivermos feito.
A vida é sim, uma aventura arriscada e deliciosamente incerta. Mas podemos fazer escolhas. E essa é a única coisa que de fato nos cabe. Nossas escolhas. Ao fazê-las não temos certeza de onde elas nos levarão, mas podemos antever de que forma viajaremos.
Se essa é sua vida, seu papel precisa ser o de protagonista. Nunca se sujeite a ser mera figurante em sua própria história. Mesmo que a sua se confunda com a de outras pessoas.
Não aceite outra coisa, senão a felicidade. Mas agarre-se à verdadeira. Aquela que nunca, em tempo algum, te abandonará. E, mesmo após minguada sua vitalidade, você ainda terá um sorriso no rosto, palavras gentis nos lábios e ouvidos, e abraços carinhosos, aconchegante e reconfortantes para dar e para receber.
Se nesse tempo, você tiver essas coisas, então terá recuperado a magia e a filosofia, que dão beleza e sentido à vida. Não terá deixado morrer os sonhos e, por isso, haverá, para você, menos “impossíveis” do que para a maioria das pessoas. Você terá sido, e ainda será, verdadeiramente FELIZ.
Siga bem minha querida...
Esteja em Paz
Para Alê, com carinho.
6 de mai. de 2010
Lista de desejo para esse 7 de maio
- Preces, orações, rezas, mentalização ou outra denominação que você usar, para canalizar energias positivas;
- Visitas, em casa ou em Deriva (www.deriva-pi.blogspot.com), se for aí, pode acrescentar comentários, que gosto muito;
- Abraços;
- Convites para festas;
- Poemas (pode ser por e-mail, carta, telegrama, bilhetinho, ou qualquer outro veículo);
- Novos amigos;
- Convites para rapel;
- Um mundo melhor;
- Canções;
- Figurinhas antigas;
- Selos de qualquer lugar e de qualquer tempo;
- Convite para dormir olhando a lua;
- Banho de rio;
- Piadas bem elaboradas;
- Dicas de filmes.
- Dicas de livros;
- Dicas de lugar;
- Dicas de Pessoa (Demerval vai gostar dessa);
- Passagem para as estrelas;
- Boas lembranças;
- Postais;
- Ligações inesperadas;
- Panelinha no BarRio;
- Chopp no Senzala (Em Coxim. Ainda existirá?);
- Peixada completa, em alguma cabana de Coxim;
- Explicações sobre como identificar se o porco servido no almoço é macho ou fêmea;
- Fotos esquecidas;
- Ombro, onde recostar às vezes;
- Fim de tarde no Parque Nacional das Emas;
- Abraços aconchegantes em “dias diferentes”;
- Voz, para fazer coro com a minha, e desafinados, cantar sem nenhuma noção do ridículo;
- Inspiração para poesias;
- Coalhadinha da Dona Pequena;
- Doces da Dona Neném;
- Mordidas na bochecha;
- Brinquedos para cachorros;
- Colcha de retalhos;
- Todo mundo ler (mesmo que novamente) “O Pequeno Príncipe”;
- Domingo láaaaaaaaaaaaaa nos “Dois Saltos”;
- Brigadeiro na panela;
- CD do Rildo Rodrigues;
- Férias em Fernando de Noronha;
- Incentivo, sempre;
- Elogios, quando eu merecer;
- Convites para acampar;
- Livros (sobretudo se você comprar “Dois Segundos” para presentear outros amigos);
- Contatos literários;
- Novos leitores;
- Várias "Festas da Boa";
- Motivos para rir;
- Sessões de cinema em minha garagem
- Respeito à todos;
- Churrasco em Petrolina;
- Delicadeza;
- Continuar “sendo por que você existe”;
- Durante o dia, o Sol. A noite, a lua;
- Liberdade para continuar amando e sendo Feliz sempre.
5 de mai. de 2010
Outra solidão dos tempos modernos...
A noite chegou.
Resolvida a não ficar sozinha, ela tomou um banho demorado, passou creme em todo corpo. Lindo, que fique bem claro. Perfumou-se e, como toda mulher, ficou um tempo parada de frente para o roupeiro aberto, antes de decidir o que vestiria.
Fantasiou-se de cowgirl com micro short jeans, desfiado, bustiê branco, com rendas (desses que destacam e valorizam seus belos seios). Por cima, uma camisa “aflanelada” com listras em tons avermelhados, amarrada na cintura com todos os botões abertos. Nos pés uma bota de couro marrom, indo até quase o joelho.
Fatalmente linda, com as belíssimas coxas grossas e bem torneadas totalmente à mostra.
Ficou, como as mulheres dizem, “pronta pra arrasar”.
Nessa noite seria loira. Lhe pareceu mais fatal.
Saiu assim.
Entrou em um estabelecimento pouco conhecido. Acomodou-se e se pôs a observar quem estava ali.
Viu toda sorte de gente.
Viu garotas flertando com garotas. Senhores paquerando garotos. Reconheceu homens e mulheres casados, que buscavam aventura em outras companhias. E pessoas solitárias como ela mesma, que estavam em busca de se encontrarem.
Não demorou e foi abordada por vários cavalheiros. Alguns nem tão gentleman assim.
Cantadas várias. Ela se animou com o assédio. Mas se manteve cautelosa.
Riu com alguns. Descartou logo, os mais afoitos. Aos casados, sequer deu oportunidade de se aproximarem. E, com os que lhe foram mais agradáveis, quis conversar por mais tempo.
Sentiu falsidades na maioria. Mas em alguns havia muito de verdade. Alguns traziam muito de dor e amargura.
Ela tentou ser solidária. Tentou usar palavras certas, com cada um.
O jovem advogado, depois de ouvir algumas palavras, saiu animado. E foi resolver o que o estava deixando infeliz.
O empresário solteiro, entendeu que não seria ali que encontraria o que buscava. Agradeceu a companhia, e foi em busca de sua namorada.
O garoto que tentava se passar por uma pessoa mais velha, viu o erro que cometia, pediu desculpas por tentar enganá-la, sentiu vergonha de si mesmo. E foi em busca de sua turma.
Ela permaneceu por mais algum tempo ali. Na companhia de todos, e de ninguém. Até que um jovem sério, a convenceu.
O convite foi aceito, e eles se dirigiram um dos aposentos reservados.
Ela se soltou. O jovem proporcionou isso.
Despiram-se sem pressa. Toques suaves se alternaram com fortes pegadas. Os dois se permitiram tudo que se pode desejar de um encontro assim.
Deixaram de lado todo pudor que às vezes se faz presente na mente das pessoas, e se lambuzaram mesmo.
Seus corpos, e palavras penetraram o outro em todas as vias possíveis. Nem saliva, nem dentes, nem pele ou mucosa. Nada era limite. Apenas as descargas elétricas que por alguns segundos deixam os corpos anestesiados e sem controle, poderiam limitar as loucas acrobacias.
Vários orgasmos.
Ambos totalmente satisfeitos, se deixaram cair. Entre suspiros, risos com ar safado e tentativas de expressar em palavras o que sentiam, eles ficaram se olhando por alguns minutos.
Aos poucos ela se recompôs. Deu o último beijo no jovem sério. E saiu.
Sequer vestiu novamente sua fantasia de cowgirl. Apenas saiu.
Já fora dali, ela desligou o som. Desligou o sistema, tentou imaginar o verdadeiro rosto da pessoa que a tinha sido pretexto para mais uma masturbação solitária. Desligou o monitor, tirou o velho moletom surrado que usava, tomou um banho e foi dormir, com o corpo ainda meio anestesiado (corpo verdadeiramente belo, que fique bem claro), mas ainda cheio de vazio.
Um vazio que nenhuma sala de bate-papo consegue preencher.
Grandes olhos puxados...(homenagem à amiga "Biga"?)
Com uma beleza enorme
Do fim ao começo,
A garota-mangá zomba de mim,
Entre uma galhofa e um beijo...