25 de mai. de 2011

...

Ah essa inexplicável felicidade

que me invade a alma

nessa louca caminhada.

Até parece insanidade

ver motivo pra sorrir em meio

a alegria barata,

Ou momentos de dor.

Em plena realização,

Coração partido

Ou as asas quebradas.

Com o prêmio da conquista

ou a poeira de uma queda.

O que garante a felicidade

são os olhos que observam.

(Que são quem também enxergam toda beleza).

Não deixar que obstáculos sejam definitivos e,

sobretudo,

Construir a própria história,

E que ela seja toda (de) verdade.

E vivida com leveza

(...)

24 de mai. de 2011

3 de mai. de 2011

Mundo mais seguro? Livre de quem?


Deveria ter sido diferente. Mas não foi. Parecia exatamente a mesma coisa.
O Serra Dourada, em Goiânia se transformou, novamente, em um campo de batalha. E, mais tarde, nas ruas da cidade, um jovem de apenas 19 anos foi morto. Dois tiros na nuca.
Nas ruas do Rio de Janeiro a cena, vergonhosamente se repete. Mais de uma dezena de feridos e um morto, após a final do Campeonato Carioca.
Novamente fomos remetidos à antiguidade, nos comportando como as sanguinárias platéias que assistiam aos duelos dos gladiadores, seja contra um seu semelhante, ou contra leões, tigres, ou outras feras. Vergonhoso.
Do outro lado do Equador, essa linha imaginária que ao longo da história tem servido para separar a “senzala” da “casa grande”, assistimos o que, na minha opinião, foi a maior demonstração de comportamento classicamente antigo últimos tempos. Em várias cidades, multidões ensandecidas gritavam, agitavam bandeiras, sorriam, tocavam suas vuvuzelas e acionavam suas buzinas como quem comemora um título de campeonato. Mas não se tratava do campeonato goiano, nem do carioca. O que aquela multidão descompensada comemorava era a morte.
Tudo bem, o gladiador morto era “inimigo”, então faz sentido. Faz mais sentido ainda se lembrar as vidas que ele tirou, certo?
Certo?
Bin Laden era o inimigo público número 1 dos Estados Unidos da América, e fora morto, então é justo, sim, festejar. Não é?
Sim, seria. Faria todo sentido festejar daquela forma se estivéssemos no Século 4, ou 3 antes de Cristo. Mas o fato é que não estamos.
Estamos em pleno Século 21 e eu, aqui do alto da minha insignificância não consigo aceitar como normal que uma nação inteira, a que se diz mais civilizada, ainda hoje comemore tão desfiguradamente a morte, de quem quer que seja.
Não, não me venham dizer que estavam aliviados. Não era alívio que se via nos rostos da multidão ensandecida. O que vi daqui foi a demonstração explícita de prazer. O mesmo que deve sentir um psicopata ao ver o sangue de sua vítima escorrendo em suas mãos.
Não havia demonstração da sensação que se pode ver nos olhos de quem alcança justiça. Definitivamente, não era isso.
Eu não aprovava de modo algum, os meios utilizados por Bin Laden (parceiro de longa data dos que agora festejam sua morte), como não aprovo nenhuma ação que atente contra a vida. E sim, concordo que ele precisava pagar pelos crimes que cometeu. Não estou defendendo nenhum extremista. Sou partidário da justiça, sempre. Mas da justiça.
Ver alguém festejar a morte, de quem quer que seja, com o prazer pela vingança me dá nojo e vergonha. E ontem a noite, e hoje pela manhã, eu tive esse sentimento.
Que membros do governo agissem daquela forma, já era esperado. Mas ver a população naquele festejo dantesco, sinceramente eu esperava mais daquelas pessoas.
O mais sensato que ouvi foi a secretária de estado, Sra. Hillary Clinton dizer que agora espera que Al-Qaeda e os talibãs se abram para conversas e negociações. Seria muito bom se pudéssemos acreditar nessas palavras. Mas, novamente acho difícil que aconteça. E nem vou citar os motivos desses grupos, mas os motivos dos próprios estadunidenses.
Primeiro, a demonstração de euforia deixou claro um fato que eu torcia para que não fosse verdade. Também lá, nas terras do Tio Sam, o povo tem o governo que merece e que deseja. E o governo representa muito bem aquela sede de sangue que estava estampada nas caras de jovens e adultos, nas ruas de Washington, Nova York e outras cidades. E quando eles dizem que querem conversar, negociar, significa que, o que querem mesmo é impor seus interesses. E quem discordar vira inimigo do estado e "questão de segurança nacional". Aí já era. E segundo, aquela não era a face de um povo que pretender construir a paz, definitivamente não era. E não é porque os Estados Unidos da América é uma nação que precisa da guerra. Precisa porque a paz é ruim para os negócios, e porque é com a guerra que eles conseguem impor seu domínio, e assim saquear todas as outras nações do planeta.
Ou você acredita que agora os soldados estadunidenses que estão no Paquistão vão ser levados para casa? Duvido muito, da mesma forma que no Iraque ainda tem soldados americanos lutando uma luta que nem sabe qual é, por motivos que nunca existiram e, pior de tudo, jovens morrendo longe de casa para satisfazer os desejos insanos de generais sem nenhuma humanidade, políticos sem caráter, lobistas sem escrúpulos e capitalistas gananciosos (me desculpem leitor, por tantas redundâncias em duas linhas).
O presidente vai usar essa “vitória” para se promover, claro, afinal é exatamente igual aos seus antecessores e, após essa guerra vão inventar outra, e outra, e outra... Como sempre fazem. Mesmo que para isso precisem inventar os pretextos mais absurdos. Se não gostarem dos belos olhos da nossa presidente, ou se decidirem que o aqüífero de Alter do Chão deve ser deles, por uma “questão de segurança nacional”, eles se acharão no direito de invadirem nossas terras, nos matarem e tomar posse do que precisarem para se tornarem mais ricos e poderosos.
Ao fazer seus pronunciamentos, podia se ver a alegria estampada em seu rostos. Mas, nem no rosto do presidente, nem de seus secretários ou generais, eu pude ver a expressão das pessoas que tem a sensação da verdadeira missão cumprida. Não havia honra, não havia respeito, não havia dignidade. Acredito que após falar ao público, ele deve ter se juntado aos seus generais para devorarem alguns javalis regado a algum vinho barato, brindando suas glórias e conquistas, como os antigos bárbaros faziam.
Qual a real diferença entre os fundamentalistas islâmicos e os governantes, e a população, do Tio Sam? Estou aqui me perguntando.
Infelizmente, por se julgarem diferentes, e melhores, eles perderam a capacidade de viver em paz com os demais. Não sabem mais o sentido de fraternidade. Não conseguem mais perceber que somos todos iguais. Que pertencemos todos à mesma família.
Está bem, essas são apenas minhas opiniões, e eu não sou sociólogo, historiador, teólogo, cientista político nem apresentador de televisão. Sou apenas um cidadão de cultura mediana, crescido lá na baixadinha que conhece pouco sobre islamismo fundamentalista, conservadorismo protestante, posse dos poços de petróleo ou comércio de armas.
Mas acredito que o tempo das guerras, e de festejar as mortes, já devia ser passado. E que a ganância, exploração e intolerância já não devia mais caber em nosso meio.
Enquanto fizermos das cores de nossas bandeiras, de nossa pele, de nossas fardas, das camisas dos nossos clubes favoritos, motivos para matar nossos semelhantes, para nos matar, e nos alegrarmos com isso, continuaremos sendo tão selvagens quantos os bárbaros antigos. E já é tempo de evoluirmos.
Agora vou rezar para que Bin Laden seja bem orientado na outra dimensão. Que receba auxílio de irmãos como os Chicos (Xavier e de Assis) para que encontre logo, o caminho da Luz, e não seja mais um guerreiro do mal, agindo no mundo das trevas.
Rezo também para o comportamento bárbaro demonstrado pelo povo dos Estados Unidos seja encarado apenas como atraso, e não como provocação.
Que Deus nos livre de nós mesmos.