Foi intenso. Muito intenso, mas passou.
Um ano cheio de importantes acontecimentos que trouxeram descobertas, sensações, sentimentos e constatações diversas.
Nem tudo foi alegria. Como normalmente acontece com a vida.
Ninguém esperava que 2010 fosse, como dizem, “um mar de rosas”. Por mais românticos que sejamos, não somos ingênuos a esse ponto.
Mas, como gosto de lembrar, boa parte dos sofrimentos podem ser evitados.
Alguns são necessários, é verdade. Mas a maioria das dores, chateações, aborrecimentos e decepções são criações nossa. Na maioria nem existem de fato e, quando temos certeza que existem, podem facilmente serem evitados, ou minimizados. Tudo é uma questão das escolhas que fazemos.
Sei que me repito ao dizer isso. Assim que me repito também ao dizer que, a única coisa que nos cabe, são as escolhas. Escolher as amizades, a profissão, a marca da cerveja, a companhia ideal para uma noite ou para a vida toda, a cor dos cabelos. Enfim, escolher o caminho a seguir. Nós apenas escolhemos o caminho. Onde ele nos levará, só nos cabe visualizar o que imaginamos, e torcer para que a viagem seja agradável. Ela, a viagem, é o que de fato vamos desfrutar. Pois a próxima estação de chegada não será outra coisa, senão mais uma encruzilhada, onde novamente teremos que decidir. Optar. Escolher.
Os trilhos são desconhecidos. Mas a qualidade da viagem depende simplesmente de como nos comportamos enquanto seguimos.
Sermos tolerantes com as diferenças que existem, dentro e fora de nós. Manter a motivação para continuar seguindo, mesmo quando a jornada se apresenta, inesperadamente, árdua. Aceitar nossas deficiências e nossos talentos. Acreditarmos, e essa fé (seja No que for) nos apontar para o Bem. Essas são algumas das decisões que determinam a qualidade das diversas viagens que faremos, nessa nossa grande jornada.
2010 me trouxe motivos para chorar. E o fiz, como sempre.
Mas em várias estações fui surpreendido por grandes doses alegrias.
Alegrias nos trazem leveza e excitação. Tristeza nos traz ensinamentos, e pausas necessárias ao recomeço. Nossa sabedoria consiste em retirar de todas as situações, experiências que nos engrandeçam, motivos para prosseguir, coragem para as escolhas futuras e, sobretudo, maturidade e força para que nada, nunca, nos torne amargurados, descrentes, infelizes.
Ninguém disse que seria fácil viver. E não é mesmo. Mas é escandalosamente simples, apesar de todo nosso esforço para complicar cada passo/segundo.
Vou citar o Fernando, em uma de suas Pessoas, que citou o general romano Pompeu, e lembrar que ao contrário de navegação logicamente exata, viver é tarefa deliciosamente imprecisa. Nem bússola, astrolábio ou GPS pode nos auxiliar.
Seguimos todos em uma mesma nau. A Terra, esse errante planeta azul. Mas temos, cada um, nossas próprias rotas, que por vezes se cruzam. Por vezes são compartilhadas. Por vezes seguimos juntos, na mesma direção. Em outros momentos, nos distanciamos dos velhos companheiros. Seja como for, navegamos por rotas solitárias, apesar de sermos totalmente dependentes uns dos outros e, por isso mesmo, termos nossos trajetos influenciados pelas rotas de cada ser, navegante como nós.
2011 se apresenta como novo horizonte. Mar aberto a ser explorado.
Então, que façamos mais escolhas certas dessa vez.
Saibamos imprimir a velocidade certa em nossa jornada. Respeitando tanto nossa nave quanto os que navegam próximos a nós.
Se cruzar com náufragos, que sejamos solidários para resgatá-los, e auxiliar na retomada do próprio caminho.
Tenham fé, e viva cada dia do novo ano orientado por ela.
Lembre-se, o amor que temos pelos outros é essencialmente nosso. E é a nós que ele enobrece.
A verdade com a qual vivemos pode não importar a mais ninguém, mas será sempre imprescindível a quem a cultiva.
Mais importante que porto seguro, será sempre bons faróis. Posto que as paradas serão breves. E a jornada, essa é eterna.
Mais rico que tesouros em baús, são as amizades, pois que nos alegraram e anima quando perto. E sendo verdadeiros, sempre os saberemos próximos, mesmo longe.
Pior que as tormentas, são as grandes calmarias, pois nos iludem. E a Paz não pode ser confundida com apatia. Nem todo embate deve ser guerra.
O ódio! Esse sim deve ser extinto.
E, conta não o fato de seguir em um grande iate ou um humilde veleiro. Conta a qualidade dos nós que seguram os laços e a firmeza do leme. Em qualquer um dos casos, mantenha sempre um lugarzinho para acolher outros navegantes. Mas saiba, companhias partem da mesma forma que chegam, quando menos se espera.
Não será Deus, independente da forma que você O conceba, que nos punirá pelos erros, ou nos premiará pelos acertos. Seremos nós mesmos.
Por isso, não espere ganhar o Céu, nem tema o inferno. Apenas viva de forma a ter uma consciência tranquila, e ser plenamente feliz.
Se for motivo de orgulho para os seus contemporâneos, e exemplo (farol) para seus descendentes, tanto melhor.
Essa é sua vida e são suas escolhas.
Então, em 2011:
Escolha amar.
Opte pelo perdão.
Eleja o respeito.
Prefira a solidariedade.
Seja partidário da tolerância.
Traga sempre contigo, sorrisos.
Prefira a cordialidade.
Mantenha acesa sua fé.
Trate a todos com Gentileza.
Trabalhe o máximo que puder.
Não desperdice, nem adie, os prazeres saudáveis e honestos que a vida nos oferece a cada novo dia.
Seja você mesmo. Não se venda, nem se perca pelo caminho.
Ao construir, seja o que for, use a verdade como base.
Enfim,
Faça 2011 valer a pena.
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