Car@s amig@s,
Hoje é segunda-feira. 19 de abril de 2010.
Ø É dia do Índio.
Ø Nesse dia, em 1882, morria Charles Darwin, o pai da teoria da evolução;
Ø Um ano depois, nascia Getúlio Vargas;
Ø Em 1932 nascia o grande escultor colombiano, Fernando Botero;
Ø Em 1941, o dia 19 foi um sábado, e no Brasil, mais precisamente em Cachoeiro do Itapemirim, nasceu Roberto Carlos, que seria o nosso “rei” (ironicamente, Lady Laura escolheu a véspera do aniversário de seu filho real, para mudar de plano, como quem se adianta para preparar a melhor festa. Esteja bem, bela dama...).
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Apesar desses fatos históricos, e tantos outros, essa segunda-feira é, para a maioria das pessoas, um dia comum. Um início de semana, como tantas outras.
Deveria ser assim para mim também. Mas não é.
Depois de uma caminhada, que foi muito mais curta do que o planejado, a aventura chegou ao fim. Não a caminhada. Mas a companhia com a qual contei por um tempo.
Foi curto, o tempo passado juntos. Foi rápida a experiência. Foi bela, a maior parte da caminhada em que estávamos juntos. Mas alguns espinhos escaparam das roseiras que enfeitavam e perfumavam, nosso caminho. E provocaram algumas feridas. Alguma dor nos incomodou.
Em um caminho sempre pode haver, e há encruzilhadas, atalhos e desvios. Assim como pontos de paradas e obstáculos.
Não soubemos interpretar os sinais espalhados pelo caminho e, quando percebemos, já estávamos seguindo caminhos diferentes.
Minha jornada era só minha.
A vida segue, assim como as estradas existem.
Quis senti todo frio e toda tristeza provocados pelo afastamento.
Precisava viver essa experiência intensamente. Chorar minhas lágrimas solitárias. Embriagar-me sozinho em meu mundo. Abraçar o vazio. Ouvir o silêncio pesado após minhas falas desejosas de retorno. Sentir, muito presente, dias que antes eram “diferentes”. Também falar bobeiras com quem não via, e desabafar com amigos distantes sabe lá Deus quantas milhas. Pensar sandices, e me reconhecer um garoto precocemente imaturo.
Mas não se pode parar para sempre. Ou tudo que nos restará será a poeira dos caminhantes que seguem. E o sonho das possibilidades abandonadas de tudo que se poderia ser. Por isso estipulei um meu tempo de fossa. Algo como o inverso de um carnaval. Defini a quarta-feira de cinzas para minha melancolia.
Chega, esse período chegou ao fim ontem. Agora é hora de recomeçar. Sem pressa, é claro. Preciso ajeitar o que restou de mim em minha mochila, amarrar bem minhas botas, dar um gole em meu cantil, tirar a poeira dos óculos, fixar meus novos horizontes, e seguir viagem.
Escolhi não fazer poesia da minha dor, não nesse tempo. Não quis compartilhar até agora.
Mas não sou uma ilha, e ela (a tristeza), ao menos teoricamente, e conforme deseja minha brava racionalidade, já é passado.
Já quero reunir novamente os amigos. Festejar a vida. Fazer novas poesias. Cantar as velhas canções e errar outros erros.
Ainda há o vazio.
E meu travesseiro não se acostumou, ainda, em ser sozinho. Tal como eu.
Sofia, minha fiel companheira, continua sorrindo para mim, sempre que a olho. Mas sei que também se sente sozinha. Mas sabemos (ela e eu) que toda tempestade (ou calmaria) um dia passa. E em breve novas flores surgirão em nosso caminho. E novo abraço há de querer o meu. Compartilhar novas alegrias, novas lágrimas, outros sorrisos, problemas e desafios irão preencher o que agora é vazio em mim. E outros beijos em novos lábios, grandes e pequenos, por certo me trarão prazeres e experiências ainda não experimentadas (e algum há de ser fecundo).
É, hoje a Europa está quase encoberta pelas cinzas do vulcão de Eyjafjallajokull. Cinza também está meu humor e meus sentimentos. Mas aqui eu posso acelerar as chuvas que vão limpar meu céu. Como lá, em mim também terei acidez no solo, e camadas de cinzas a ser removida, ou absorvida. Mas basta olhar a história, e ver que muitas sociedades deveram sua prosperidade à fertilidade dos solos, promovida por lava e cinza oriundas de atividades vulcânicas. Daí somos levados a concordar que algumas explosões, e um pouco de cinza, e fundamental para que a natureza (e com ela as flores, cores e perfumes), rebrote (inclusive em nós).
“Acinzentado”, acordou-me meu amigo Manuel, logo pela manhã. Ele acreditava falar apenas dele mesmo. Mas falava também de mim.
É Manuel! É a vida. E nossa única opção é sermos navegantes. Com a obrigação de sermos felizes.
Aqui estou eu, outra vez, recomeçando.
Que chuva boa caia sobre nós...